Pular para o conteúdo principal

Dependentes da web sofrem com prejuízos sociais e no trabalho

Correio
Considerada uma doença mental, a dependência pela Internet pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum em adultos jovens. O problema tem tratamento com terapia.
Você já tentou ficar menos tempo na Internet sem sucesso? Cada vez que está conectado sente mais necessidade de ficar mais tempo on line? Está sempre atrasado nos compromissos sociais e até no trabalho por verificar e-mail, redes sociais ou chats? Fica impaciente quando alguém chega ao seu lado e atrapalha seus momentos de navegação? Preocupa-se de modo incontrolável todas as vezes que está off line? Sente ansiedade, agitação ou tecla em equipamentos imaginários quando está longe do computador? Prefere o mundo virtual ao real? Mente sobre o tempo que permanece na Internet?

Se a resposta for afirmativa para, pelo menos, duas perguntas, é preciso tomar cuidado, pois há uma grande possibilidade que você seja um compulsivo pela rede mundial de computadores. O problema – até agora visto e estudado como um vício, uma compulsão ou adicção (os compulsivos são chamados de adictos) – ainda gera muita polêmica entre psicólogos e psiquiatras, que discutem se o quadro de dependência surge nas pessoas que já têm um transtorno emocional anterior ou se essa compulsão termina determinando outros problemas, como ansiedade e insônia.
O fato é que usar a internet é uma necessidade atual, mas o abuso merece cuidado, principalmente porque esse transtorno mental traz inúmeros prejuízos sociais, familiares e profissionais. No último final de semana, por exemplo, Chris Staniforth, um jovem de 20 anos, morreu em Sheffield, Inglaterra, depois de passar 12 horas jogando Xbox 360. Segundo o jornal britânico The Sun, o jovem morreu pela formação de coágulo de sangue, resultado de muitas horas sentado na mesma posição. A reportagem dizia ainda que o rapaz sofreu com uma trombose venosa.
Vício sem droga
Segundo a presidente da Associação Psiquiátrica da Bahia, a médica Miriam Gorender, a compulsão pode acontecer em qualquer idade, embora a dependência à Internet seja mais comum entre os adultos jovens. Para a psiquiatra, os mecanismos neurológicos e o funcionamento da compulsão pela internet se assemelham àqueles sentidos pelos compulsivos por jogos, compras ou dependentes de drogas, onde estão presentes elementos como a recompensa e o prazer.
“O que se percebe nessas pessoas é que, geralmente, elas possuem muitas dificuldades de estabelecer relações sociais no mundo real, então fogem para esse espaço virtual, onde chegam a se reinventar através de perfis fictícios”, diz Míriam.
De acordo com o psicólogo e especialista em dependência química, Clenilson Costa, essa adicção sem drogas ou comportamental não possui uma única causa e, geralmente, se apresenta como resultado de vários fatores biopsicossociais. “Em todo o caso, é importante que o adicto tenha acompanhamento terapêutico para tratar essa compulsão e médico para solucionar as afecções, como a depressão, ansiedade, que possam também surgir junto com o problema”, esclarece.
Para o psicólogo, no caso de crianças e adolescentes, é fundamental que os pais exerçam um papel controlador, limitando o tempo de permanência no computador, mesmo nos finais de semana. “A criança e o adolescente pedem limites e determinadas invasões de privacidade devem ser feitas – com toda a delicadeza e trato possíveis, é claro, e sempre que possível com a concordância dos filhos para evitar que situações mais extremas aconteçam”, finaliza o psicólogo.
Vício de fim de semana e seus efeitos
por Gabriela Cruz
Ser jornalista me condicionou a ficar conectada. Não titubeio se tiver que trocar um cineminha pela internet, afinal, através da tela do computador acesso várias informações e con- verso com meio mundo de gente. Foi assim que na semana passada fiquei 21 horas (!) no ar. Entrei na rede às 8h de sábado e fui até 5h de domingo. To- mei um banho e me cer- quei de guloseimas para que nada desviasse minha atenção dos 15 sites que entrei ao mesmo tempo.
O twitter e o facebook estavam animadíssimos por conta da disputa pelo título de Miss Brasil com a baiana no páreo, tinha uma pesquisa para fazer e emails para enviar. Quan- do finalmente desliguei o computador, minha cabe- ça pesava e não fiz mais nada durante o dia. A experiência valeu para diminuir o ritmo, mas confesso que continua sendo difícil desconectar.

Comentários