Guilherme Menezes: “Estaremos firmes para defender esse projeto do PT”


Foto: Blog do Anderson
Um dia após as eleições municipais deste ano, redesenhado o cenário político na Bahia, tiveram início as especulações sobre as eleições para o governo baiano. Eleito prefeito pela quarta vez, além de três outras passagens pelo legislativo, uma vez deputado estadual e duas federal, Guilherme Menezes teve seu nome fortemente ventilado para suceder seu colega de partido, Jaques Wagner. E não faltaram defensores da ideia, que virou pauta em toda a imprensa baiana. Em entrevista ao Blog do Fábio Sena, ele afirma que jamais foi consultado sobre o assunto, embora afirme que, na condição de militante, está pronto a fazer a defesa do projeto. “Eu vejo meu nome citado em algum jornal, em alguma matéria, mas tudo isso não passa de especulação, sem nenhuma consulta a mim”. Confira a entrevista a seguir.
BFS: Prefeito Guilherme, o governador Jaques Wagner assinou a Ordem de Serviço para construção do shopping popular. Qual será a participação da Prefeitura?
GM: É um equipamento muito esperado. São 382 empreendedores daquela área onde se chama popularmente Paraguai, foi um compromisso do então prefeito Zé Raimundo, de fazer o projeto; quando eu assumi, em 2009, procurei o projeto na Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano), não encontrei, aí tiramos cópia do projeto, os técnicos da Conder pediram algumas alterações, a dra. Ana Maria Lordelo, pela Emurc, fez essas alterações, e o certo é que, depois, parecia que não havia recursos. Como já era uma obra anunciada há uns sete anos, antes do período eleitoral, inclusive, eu tinha feito várias reuniões com o pessoal, dizendo que o município tinha condições de planejar e, dentro daquele orçamento, fazer a obra, como estamos fazendo o Mercado de Artesanato, que só não concluímos porque a quantidade de obras é muito grande. Assim como estamos fazendo o Marcado de Artesanato e o Planetário, o Município podia arcar também com essa responsabilidade. Mas nesse momento, coincidentemente, o governador resolveu encampar aquela obra, que vai ser em parceria: o Estado entra com uma parte dos recursos e o município vai entrar com outra parte. A nossa parte vai ser em torno de R$ 1.800,00, numa obra em torno de R$ 4.000,00. Eu recebi o convite para estar em Salvador, assinando na Fundação Luis Eduardo Magalhães esse ordem de serviço, mas a agenda do governador é muito dinâmica e eles só puderam me convidar muito encima, e eu tinha uma agenda aqui que não pude abrir mão. Eu pedi desculpas e disse que não dava para ir, por isso não fui lá na assinatura da ordem de serviço, mas parece que o governador virá aqui para assinar outra parte, que é a parte da Prefeitura.
BFS: O senhor trouxe o secretário de Planejamento a Vitória da Conquista para discutir com comerciantes e empresários soluções para o centro comercial. Quais são as intervenções a serem realizadas nos próximos quatro anos de governo?
GM: Além da vinda do secretário de Planejamento, Sérgio Gabrielli, naquele momento estávamos elaborando uma proposta do Governo Federal sobre PAC de Mobilidade Urbana Média Cidades; duas cidades baianas foram selecionadas: Feira de Santana e Vitória da Conquista; encaminhamos as duas propostas que, depois, foram resumidas em uma proposta no valor de R$ 94 milhões, que consta uma parte da melhoria do centro urbano de Vitória da Conquista, inicialmente, inclusive com corredor preferencial para ônibus na Avenida Régis Pacheco até o Miro Cairo, com rampas de acesso e melhoria do piso, além de avenidas perimetrais; a principal vai nascer ali do acesso à UFBA, na Olívia Flores, passando pelo Alto dos Pinheiros, atravessando a Juraci Magalhães na altura do Shopping Conquista Sul, depois atravessa a BR na altura do Comveima e vai se entroncar com a Avenida Brumado na altura da Lagoa das Bateias. Será uma espécie de alça de anel de contorno, que vai tirar muito carro de circulação aqui do centro. Por exemplo, ali na Olívia Flores, além da UFBA, temos a Universidade Estadual do Sudoeste, duas delegacias da Justiça Federal, outros empreendimentos importantes, inclusive da Prefeitura, na área de saúde, há uma previsão de construção de um shopping naquelas bandas, então todo esse trânsito será pela avenida perimetral. Como a presidente tem pressa, ela colocou essas obras dentro do Regime Diferenciado de Contratação, o mesmo regime dos contratos da Copa, uma variação da Lei 8.666, então, com esse projeto, nós teremos dinheiro para dar uma modernizada no centro; claro que não é aquele que já existe um projeto em elaboração, inclusive o Sebrae já fez um estudo, mas falta discutir mais com os comerciários, com as pessoas que atuam naquela área. O certo é que vai dar uma melhorada. Além disso, tem o novo sistema de transporte coletivo, que tá em fase final desse processo licitatório, muito demorado… aliás, em 1998, 1999, foi assim, um processo com muita briga na Justiça, e agora a população nem entendeu muito, mas vai haver uma reestruturação total da Lauro de Freitas e haverá muitas modificações com o novo sistema de transporte coletivo.
BFS: Após as eleições municipais, o seu nome passou a ser cogitado como provável candidato ao governo do Estado. Como o prefeito está interpretando essa situação?
GM: Eu vejo esse como um momento confuso para 2014, que se aproxima. 2013 já está chegando e já começa a campanha política nos bastidores… Já começou, inclusive; todo mundo colocando seus nomes, e, às vezes, eu vejo meu nome citado em algum jornal, em alguma matéria, mas tudo isso não passa de especulação, sem nenhuma consulta a mim. Eu fui eleito mais uma vez para ser prefeito de Vitória da Conquista e eu sempre gosto de viver cada dia. É o dia de hoje que me autoriza as ações do dia seguinte. Nunca coloquei meu nome nem para prefeito de Conquista quanto mais para governo de Estado. Vejo com preocupação justamente pela confusão desse momento. Sei que temos um governador calejado, experiente politicamente, mas há vitórias hoje na Bahia, como a própria Prefeitura de Salvador, que divide bastante esse potencial das esquerdas para o governo da Bahia em 2014. Mas na política tudo é muito dinâmico. Vamos esperar e, da nossa parte, enquanto militante, estaremos aqui firmes para defender esse projeto do Partido dos Trabalhadores e aliados, que deu certo no Brasil. Não é uma fantasia quando se diz que mais de 40 milhões de brasileiros, nos dois primeiros governos do Presidente Lula, ascenderam na classe social, muita gente saiu da linha da pobreza, passou a consumir, e está aí o dinamismo da economia, inclusive Vitória da Conquista é um grande exemplo. Só quem não quer ver não enxerga que existe uma mudança em curso e a passos largos no Brasil, por conta de definição política, por conta da eleição do presidente Lula, e depois a presidenta Dilma. Então eu quero continuar e vou continuar defendendo esse projeto. Não é sem razão que a nossa presidente foi escolhida pela Revista Forbes entre as 100 mulheres mais influentes do mundo; ela ficou em terceiro lugar. Basta dizer que a Rainha da Inglaterra ficou em 26º lugar. Ficou ali Angela Merkel (chanceler alemã), Hillary Clinton (secretária americana de Estado) e Dilma Rousseff, justamente por conta dessa política humanizadora, civilizatória, que o Brasil passou a adotar a partir de 2003, que é nosso projeto político que vai do vereador ao presidente da república.
BFS: Uma das principais preocupações manifestadas por você sempre foi a necessidade de deixar transparente a diferença dos projetos em debate na sociedade. Hoje, o debate central, inclusive no senso comum, é saber se há realmente diferença, por exemplo, entre o projeto encampado pelo governador Wagner e os governos anteriores. O prefeito considera que tem havido uma confusão que torna nebulosa a compreensão das pessoas sobre os projetos políticos?
GM: Está havendo uma confusão e é muito importante que os políticos ajam de uma forma que a população possa crescer, entender o que é um projeto político, por que abraçar um determinado político e não aquele outro. Quando a gente fala no projeto político que distribui rendas, que distribui oportunidades, que socializa a educação, e o outro projeto, que concentra renda, que concentra oportunidades e riquezas, isso fica mais fácil para a população entender. Por exemplo, ‘meu filho não podia estudar e a partir do Prouni pode estudar na universidade das mais caras do país porque o governo tomou a decisão de ir lá fazer um encontro de contas, dizendo que quer o pagamento o pagamento em forma de vagas’. Essa é a face de um projeto político humanizador, que pega essa estratégia da Educação como evolução de uma pessoa e de um país; já existe outro projeto que concentra, transforma a educação numa mercadoria. Então quando eu falo de projeto político, eu gosto muito que a população entenda. Quando confunde muito por conta de certas alianças, fica difícil para a população entender de que lado se está. Eu ficaria muito triste se o governo de Conquista estivesse causando alguma confusão na cabeça do nosso eleitorado, da nossa juventude.
BFS: Por fim, o prefeito gostaria de deixar alguma mensagem para a população de Vitória da Conquista… ?
GM: Eu desejo que Vitória da Conquista continue sendo essa cidade crescentemente civilizada. O Natal da Cidade, por exemplo, uma festa que está encantando há 16 anos, e não tem encantando só a população de Vitória da Conquista, encanta os artistas que aqui vem, que, às vezes, chegam pisando no palco até de uma forma tímida e retraída e, depois, quando vê a multidão cantando com eles, mostrando o nível da plateia que está ali na praça, eles vão se sentindo conquistados. Porque antes se pergunta: “que plateia é essa, qual 
vai ser a reação desse público quando eu começar a cantar?”. Imagine um Arthur Moreira Lima, um virtuose do piano, celebridade em qualquer país que chegue, tocar para uma multidão e transformar uma praça pública numa sala de concerto, e sair daqui feliz da vida; então, isso é um retrato subjetivo de uma face do nosso povo de Vitória da Conquista, porque nem todo lugar é assim. A própria Zizi Possi disse no ano passado: ‘em outros lugares em vejo animação de plateia, aqui eu vejo cultura’. O povo vindo, sem pagar nada; Lenine chegou a fazer a seguinte pergunta: “Vocês fazem ideia do que está acontecendo aqui?”. Um artista abalizado como Lenine, com a arte dele consolidada, e sempre avançando mais, fazer esse tipo de conjectura ali na praça Barão do Rio Branco. por Conta de uma harmonia entre o governo que a população quis e a resposta que a população está dando a essa política cultural, que é o natal da cidade, depois vem o São João, depois vem o Festival da Juventude, que foi uma beleza o ano passado. Então, é essa harmonia entre o governo e a cidade que nós devemos trabalhar, ouvindo muito mais para errar muito menos.
Fonte: Blog do Anderson

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