Polícia Federal abre outra investigação contra Ricardo Teixeira por compra de avião e ações
UOL
O Ministério Público Federal em São Paulo pediu a abertura de mais uma investigação contra Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol e do Comitê de Organização da Copa 2014.O pedido foi enviado à Polícia Federal em setembro e o inquérito que apura crime financeiro e lavagem de dinheiro já está em andamento. Agora, são dois inquéritos abertos pela PF para esclarecer se o chefe da CBF cometeu crime de lavagem de dinheiro. No Rio de Janeiro, por exemplo, o tema central envolve a empresa Sanud, dirigida pelos irmão Teixeira, Ricardo e Guilherme.
Esta empresa aparece na lista de suborno de dirigentes da Fifa, em tramitação na Justiça suíça. O procurador da República, Marcelo Freire, pediu aos policiais federais fluminenses que confrontem a declaração de bens da família de Ricardo Teixeira com o volume de riqueza e movimentação financeira registrados. O MPF exige o interrogatório do irmão de Ricardo, Guilherme Teixeira, que responde há dez anos como procurador da Sanud (com sede em paraísos fiscais), no Brasil.
Em São Paulo o caso parece ser mais complicado, como sugere a reportagem publicada em 24 de setembro deste ano: Ricardo Teixeira teria comprado um avião que valeria alguns milhões, diretamente da empresa Cessna. Para fechar o negócio, apareceu a empresa Owen Enterprises LLC. A nota de venda assustou os investigadores de São Paulo: traz o valor da aeronave fixado em US$ 1 ou menos de R$ 2. Para ajudar o processo de desconfiança dos investigadores, outra informação: a TAM aceitaria o tal avião usado como parte de pagamento de um jato novo.
O caso chama a atenção porque o tal avião de prefixo PT-XIB teria sido transferido por R$ 17 milhões à empresa de marketing esportivo, a Brasil 100% Marketing. Antes de assinar contrato de patrocínio com a CBF, a TAM entrou no esquema e legitimou o pacote suspeito. Faltam pedaços racionais na história. A Polícia Federal terá trabalho duro pela frente devido à ramificação internacional dos negócios. O resumo das operações sugere crime financeiro, segundo o procurador da República, Sérgio Suiama, que assina o pedido de investigação. De um lado, Ricardo Teixeira que queria trocar um avião Cessna por um jato novo.
A TAM representa a Cessna no Brasil. Não seria necessária a entrada da empresa Owen Enterprises no negócio. Nem seria necessária a entrada da Brasil 100% Marketing disposta a pagar R$ 17 milhões por um aparelho avaliado no máximo em R$ 7 milhões. Luz na trama: Ricardo Teixeira amigos íntimos o comando da Brasil 100% Marketing.
A reportagem da Folha descobre os outros sócios da empresa de marketing: “A Brasil 100% Marketing pertence a amigos de Teixeira. Um é o executivo financeiro Cláudio Honigman. O outro, Sandro Rosell, sócio da mulher de Teixeira na Habitat Brasil Empreendimentos Imobiliários e também sócio de Honigman na mesma Brasil 100% Marketing”.
Os policiais federais de São Paulo ainda terão de avaliar as operações financeiras feitas por Ricardo Teixeira e a corretora de ações, Alpes, dirigida por Honigman. A operação de recompra de ações da corretoara envolve Cláudio Honigman , Ricardo Teixeira e um suposto pagamento de R$ 22,5 milhões.
Como ingrediente extra, ainda existe a investigação em Brasília sobre o gasto do então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (preso e deposto por outros escândalos). Ricardo Teixeira promoveu o jogo entre Brasil e Portugal no DF, em novembro de 2008. O governo Arruda pagaria tudo. Mas apareceu uma empresa de marketing a Alianto que emitiu uma fatura de R$ 9 milhões. O MPF investiga por que um sócio de Teixeira seria também o dono da Alianto. Trata-se de Sandro Rosell, atual presidente do Barcelona e um dos donos da empresa do avião, a Brasil 100% Marketing.
O negócio para o jogo do Brasil e Portugal foi fechado pela brasileira Vanessa Precht, ex-funcionária de Rosell. A parceria de Rosell, Ricardo Teixeira, Claudio Honigman, Alianto e Vanessa Precht (tendo o avião da TAM como pano de fundo) montam o quebra-cabeças da investigação paulista. Sandro Rosell, atual presidente do Barcelona, é descrito pela revista The Economist como um ex-diretor da Nike, que mantém relações comerciais com a CBF e Ricardo Teixeira, há mais de uma década.
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