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Eleições terão 41% a mais de policiais na disputa, em relação ao pleito de 2008


Sem coturno, quepe ou pistola em punho, 302 policiais militares e 77 civis da Bahia adotaram o discurso como arma.
Ivan Leite, em Dias D’Ávila, e Marco Prisco, em Salvador, são dois dos nove líderes da greve da PM que tentarão se eleger este ano
Sem coturno, quepe ou pistola em punho, 302 policiais militares e 77 civis da Bahia adotaram o discurso como arma. Decidiram pendurar o distintivo por um tempo para tentar a carreira política, seja como candidatos a prefeito, vice ou vereador. O crescimento no número de policiais que vão à disputa este ano é de 41% em comparação com a eleição de 2008, percentual muito acima do aumento de 11% registrado em todo o país.
O fenômeno da multiplicação de candidatos policiais não é restrito à Bahia. No Amapá e no Maranhão, o aumento foi de 76% e 46%, respectivamente. Além do salto no número de candidaturas com distintivo, os três estados têm outro fator em comum: foram palcos de movimentos grevistas de policiais em 2011 e 2012, com ampla repercussão nacional. No movimento contrário, estados em que as greves não ganharam corpo, como São Paulo, o aumento foi de 8%. Em Santa Catarina, houve queda de 1%.
Líder da greve da PM baiana, que durou 12 dias e ganhou destaque internacional, Marco Prisco é um dos 379 PMs candidatos a vereador na Bahia. Prisco, que vai tentar uma vaga na Câmara de Salvador pelo PSDB, reconhece que sua participação no movimento deve lhe render dividendos eleitorais. “Minha luta já tem 12 anos, não foi por causa desse movimento apenas, mas com certeza (a greve) me projetou, porque ficou clara a responsabilidade e o respeito que tenho com a tropa”, afirmou.
Como exemplo, Prisco recorda o início da carreira do deputado estadual Capitão Tadeu (PSB), que ganhou seu primeiro mandato após mobilizar os policiais em manifestações na década de 80. Ele destaca ainda o caso do também deputado estadual Sargento Isidório (PSB), que se projetou após a greve da PM de 2002. “É natural, depois de uma luta surgem vários nomes”, completou.
E o próprio Isidório concorda: “Quando fiz a greve, não pensava no futuro político, eu já denunciava comandantes de grupos de extermínio, corrupção dentro da polícia. Quando a greve explodiu, eu fui um pavio”. O parlamentar ressalta que sua projeção em 2002 lhe levou à carreira política. “Na hora em que você dá um grito, seus companheiros se alegram e logo dizem: ‘saia candidato’”, destacou. Nesta eleição, o deputado disputa a prefeitura de Candeias, na Região Metropolitana.
Grevistas
Além de Prisco, outros oito líderes da greve da PM deste ano também lançaram-se candidatos a vereador: o sargento Marcus Vinícius (PSD), em Santo Antônio de Jesus; soldado Augusto Junior (PSB), em Ilhéus; o soldado Josafá Ramos (PPS), em Feira de Santana; soldado Ivan Leite (PMDB), em Dias D’Ávila; soldado Lourival Moreira (PTN), em Paulo Afonso; e o subtenente Evaldo Silva Santos (PSB), em Alagoinhas. Outros dois que também foram presos juntos com Prisco, o soldado Fábio Brito (Psol) e o sargento Elias Brito de Lima (PPL), também registraram candidatura na Justiça Eleitoral, mas cogitam sair da disputa.
Apoio
Entre os policiais civis, a análise é de que eleger mais representantes da categoria pode virar uma alternativa às greves, como forma de conquistar reivindicações da categoria . “É o momento de mudar a estratégia de luta. Antes, a gente fazia greve, paralisação, mas a gente entendeu que precisa de uma interação com a sociedade para buscar seu apoio e conseguir melhorar o projeto de segurança. E ele vai melhorar no momento que a gente estiver no Legislativo”, defendeu o secretário-geral do Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindipoc), o investigador Bernardino Gayoso.
Segundo ele, a própria entidade de classe possui um planejamento para conseguir eleger o maior número de vereadores e prefeitos, com vistas à eleição de 2014. “Aí, vamos participar diretamente da construção dos projetos de segurança”, disse. Atualmente, 77 policiais civis são candidatos na Bahia, contra 56 de 2008.

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