Bill Gates diz que custos previdenciários prejudicam educação nos eua


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Foto: (UPI)
 

O bilionário filantropo Bill Gates vai entrar no debate nacional nos Estados Unidos sobre os problemas orçamentários dos Estados conclamando os governos estaduais a repensar seus sistemas de previdência para os funcionários públicos, que ele diz que estão drenando dinheiro das escolas públicas do país.

Gates disse ao Wall Street Journal que vai aproveitar uma conferência bastante acompanhada hoje em Long Beach, na Califórnia, para pedir aos Estados que mudem a maneira de calcular a verba destinada às pensões do funcionalismo. "Esses orçamentos estão muito fora da realidade", disse ele. "Eles têm usado manobras contábeis e outras coisas que são realmente extremas."

Gates passou um ano estudando a questão e consultando acadêmicos importantes e outros especialistas.

O discurso de Gates será num congresso de pensadores importantes chamado TED. Gates vai delinear, segundo sua visão, como a expansão dos gastos com saúde dos servidores aposentados e a má contabilidade dos fundos de pensão estão prejudicando a capacidade dos Estados de financiar a educação. Ele disse que usará a Califórnia como exemplo para ilustrar esse argumento.

"Só estou muito preocupado com os investimentos que fazemos pela educação das crianças e o que isso significa para o futuro", disse. "Vai ser preciso que os eleitores realmente olhem para isso." Sem isso, disse, "o rumo habitual — em que os custos com saúde estão prejudicando a educação — é bem sombrio", disse ele.

Dennis Van Roekel, presidente da Associação Nacional de Educação, que tem 3,2 milhões de associados, argumenta que os professores do país inteiro estão tentando compensar os déficits dos fundos de pensão aumentando suas contribuições. Ele acrescentou que os fundos de pensão são um dos motivos por que as escolas conseguem atrair bons professores.

"As pessoas do serviço público sabem que não vão ganhar bem, mas que contarão com algum tipo de estabilidade na aposentadoria", disse Van Roekel ao Wall Street Journal.

Como co-presidente da fundação Bill & Melinda Gates, Gates concentra a maior parte dos seus esforços em três áreas: saúde mundial, desenvolvimento no exterior e educação nos EUA.

Mas ele às vezes usa sua influência para outras causas. Quando o faz, é um esforço muito planejado. Dois anos atrás, Gates usou o mesmo congresso TED para declarar seus pontos de vista sobre energia. O discurso foi o início de uma presença crescente de Gates no debate americano sobre o estado do investimento governamental em pesquisas energéticas e usinas nucleares. Seu envolvimento tem gerado debate sobre a simplificação do processo de licenciamento de usinas nucleares nos EUA.

Com mais destaque, a fundação de Gates já passou anos tentando melhorar o ensino fundamental e médio nos EUA, mas ainda não conseguiu resultados.

Ele disse temer que os altos custos dos benefícios dos servidores estaduais esteja impedindo mudanças maiores. Entre elas estariam programas que sua fundação apoia e que pretendem usar tecnologias (como câmeras para monitorar a sala de aula) e reforçar as avaliações dos professores para melhorar o ensino fundamental e médio, conhecido nos EUA como K-12.

"Essas metas nunca serão alcançadas com o tipo de cortes que estamos vendo agora" na educação, disse ele.

Um dos pontos em que Gates está se concentrando é a taxa de retorno dos investimentos que os fundos de pensão presumem para calcular o valor presente de suas obrigações futuras. Essa taxa é conhecida como meta atuarial.

Quanto maior a meta atuarial, menor o passivo previdenciário dos fundos parece ser, e menos os Estados precisam contribuir para eles. Os críticos culpam essa abordagem contábil pelos rombos nos fundos de pensão estaduais, calculado em mais de US$ 1 trilhão em todo o país.

Os fundos de pensão alegam que seus índices são prudentes porque o cronograma de investimento é de várias décadas.

Gates minimizou a possibilidade de que seu ponto de vista sobre os fundos seja polêmico. "A única posição que estou adotando e que você poderia classificar de uma posição política é que eu gostaria que o investimento com educação crescesse", disse ele.

Durante dois dias em setembro, Gates promoveu uma reunião com especialistas em fundos de pensão e planos de saúde estaduais, em seu escritório perto de Seattle. Vários dos participantes continuam assessorando Gates.

Entre os participantes estavam Jeremy Gold, um atuário independente que argumenta que os métodos de contabilidade adotados pelos Estados e governos municipais mascaram o verdadeiro passivo total das pensões; Robert Clark, um professor da Universidade Estadual da Carolina do Norte que já escreveu um livro sobre a história dos fundos de pensão públicos dos EUA; e Alicia Munnell, diretora do Centro de Pesquisas sobre Aposentadoria da Faculdade de Boston, cujas pesquisas têm se concentrado no custo dos planos de aposentadorias dos Estados e municípios.

Junto com seu discurso de hoje, Gates vai revelar um novo conjunto de ferramentas de seu site pessoal chamado "As Notas de Gates", que permitem aos visitantes clicar em mapas dos EUA que mostram a situação do passivo previdenciário e dos planos de saúde dos servidores aposentados de cada Estado.

A alta das bolsas desde 2008 ajudou a melhorar a situação financeira de vários fundos de pensão estaduais, mas muitos ainda enfrentam rombos consideráveis, revelam os dados do site e do Centro Pew para os Estados.

O site também contará com um recurso que classifica quanto cada Estado gasta com educação superior e prisões em relação ao orçamento total. "Boa parte dos recursos da sociedade vai para os orçamentos estaduais e isso foi complicado demais e a contabilidade é tão ruim que as pessoas não tinham ideia do que está acontecendo", afirma Gates num vídeo no site.

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