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ACM Neto enfrentará uma forte oposição na Câmara de Salvador


A Tarde
DEM e PT, na esfera estadual, buscam aliados entre os 43 vereadores eleitos na capital baiana.
O prefeito eleito ACM Neto (DEM) governará Salvador nos próximos quatro anos com uma oposição forte na Câmara Municipal. Pelo menos 12 dos 43 vereadores eleitos em outubro estarão no campo oposto ao do novo prefeito. Formam este grupo os sete vereadores eleitos pelo PT, dois do PCdoB, dois do PSB, além de um do PSOL, que deve atuar de forma mais independente.

No campo governista, é certo que pelo menos 16 vereadores farão parte da base de sustentação do prefeito. Dentre eles estão os três eleitos pelo DEM, dois do PSDB, seis do PTN, dois do PV, um do PPS, além dos dois do PMDB, que apoiaram ACM Neto no segundo turno. Outros 15 vereadores formam o bloco daqueles que serão os fiéis da balança da base do novo prefeito na Câmara. Neste grupo estão os vereadores cujos partidos apoiaram Pelegrino no primeiro ou no segundo turno, mas que não são aliados históricos do PT.
Com este cenário, a expectativa é que os próximos dias sejam de intensa negociação de governo e oposição. De um lado, o PT e aliados buscarão atrair parceiros em nível estadual, como PP, PSD, PDT e PTB para engrossar o coro oposicionista. Do outro, o grupo de ACM Neto vai trabalhar para dar uma maior musculatura à sua base.
Para o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia, Paulo Fábio Dantas Neto, a sociedade deve acompanhar de perto este processo de divisão de forças na Câmara Municipal. “Espero que o novo prefeito não faça da busca por essa maioria uma obsessão. Os caminhos para se construir uma maioria muito ampla pode resultar num processo de desfiguração política”, avalia o professor.
Negociação
Sem uma maioria ampla na Câmara, a expectativa é por uma maior negociação do Executivo com o Legislativo na próxima legislatura. Caso consiga formar um grupo coeso com pelo menos 14 vereadores, a oposição poderá utilizar de instrumentos regimentais como solicitar pedidos de urgência-urgentíssima em votações e a formação de comissões especiais de inquérito.
Na avaliação de Paulo Fábio, este cenário de equilíbrio deve marcar o “renascimento na política” no âmbito municipal, com dois lados bem definidos. “Nos oito anos de João Henrique a política foi assassinada pela ambivalência e pela falta de clareza e nitidez das posições do prefeito”, destaca. Também caberá à nova Câmara fiscalizar a atuação do prefeito para superar os principais desafios da cidade, como a orla marítima, ônibus urbanos, metrô, orçamento, resíduos sólidos, educação, buracos nas pistas e trânsito.
Para o vereador eleito Cláudio Tinoco (DEM), o novo prefeito deverá construir sua base na Câmara na base do diálogo. “O mais importante não será o tamanho da base, mas a construção de uma melhor relação do Executivo com o Legislativo”, afirma. O vereador reeleito Gilmar Santiago (PT) espera o Legislativo mais forte nos próximos quatro anos: “Acho que a própria renovação da Câmara é um recado do eleitor, que quer um Legislativo mais ativo na discussão da cidade”.

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