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Com R$ 2.000 é possível iniciar um negócio no ramo ilegal de DVDs piratas, diz a polícia


Info Online
Agentes afirmam ser cada vez mais difícil identificar pontos de reprodução de conteúdo pirata, na capital paulista.
Com cerca de R$ 2 mil em equipamentos, é possível virar um microempreendedor ilegal e abrir uma produtora de DVDs piratas de filmes, jogos e programas de computador na cidade. Escondidas em apartamentos, pequenas fabriquetas alimentam o milionário mercado da pirataria exposto em bancas nas ruas da Grande São Paulo.
Sem nenhuma dificuldade, o material pode ser comprado na zona central ou pela internet. O principal equipamento consiste em uma duplicadora de DVDs, que custa a partir de R$ 1.300. Para completar a fábrica, basta uma impressora de R$ 700 e R$ 500 em material (mídia, envelope plástico, impressão da capa). João (nome fictício) transformou sua casa em produtora de DVDs piratas. No caso dele, não foi necessário nem comprar o equipamento. “Ganhei tudo. Não gastava nada. Um intermediário vinha todos os dias com a matéria-prima e pagava pelo que eu produzia.”
Por DVD, recebia R$ 0,25. “Produzia 60 mil cópias por mês. Ele comprava tudo”, diz o homem. A renda, conta o homem, era de aproximadamente R$ 12 mil mensais. Há alguns meses, o intermediário – conhecido no mercado da pirataria como “cavalo” – sumiu e João diz ter sido forçado a abandonar o esquema.
A casa dele era só uma entre muitas células de uma rede cada vez mais descentralizada e complexa. Parte imensa dessa estrutura é formada por pequenas fábricas, onde famílias passam o dia copiando DVDs. Ou, como se diz no meio, “queimando esfihas”. O sigilo e a discrição são fundamentais para que o esquema não seja descoberto. Por isso, quem trabalha com esse tipo de negócio costuma ter cuidado até para jogar os restos dos materiais usados.
Não há legislação de impeça a venda deste tipo de equipamento
Em áreas da região central, como 25 de Março e Santa Ifigênia, fabricantes da pirataria podem ser reconhecidos pelas mãos sujas de tinta – resultado da manipulação constante da impressora, usada principalmente nas faces de DVDs de games, mais valorizados.
Na quinta-feira, policiais do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado de São Paulo (Deic) descobriram mais uma dessas pequenas produtoras de DVDs em um apartamento no segundo andar de um prédio na Avenida do Estado. O rapaz detido, de 24 anos, alegou que estava desempregado e passou a trabalhar sob encomenda. Onze copiadoras foram apreendidas.
“Os esquemas são muito simplórios. Mas, como esses laboratórios são muito pulverizados pela cidade, dá trabalho descobri-los”, diz o delegado Roberto Campos, titular do setor antipirataria do Deic. Chegar a uma pequena produtora pode demorar meses e exigir até infiltração de policiais.
Eventualmente, produtoras um pouco maiores são descobertas. Em julho, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) encontrou 42 computadores que copiavam DVDs ininterruptamente no Parque D. Pedro – mais de 2 milhões deles foram apreendidos de uma tacada só.
Para o presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria, Edson Luiz Vismona, a pulverização da produção acaba possibilitando que os chefões do crime continuem impunes. “Você já tem linhas de investigação em andamento para identificar esses ‘players’ da ilegalidade, mas a dificuldade é grande.”
Lucro. Quem atua no ramo afirma que não é só quem produz e vende pirataria que lucra. O mercado ilegal alimenta também uma rede formada por gráficas, produtores de envelopes plásticos, venda de mídias e cartuchos de impressora, entre outros.

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