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Estudo revela impacto negativo nos recursos hídricos do estado


Correio
No geral, a água da Bahia é considerada boa. Mas o estudo revela que a contaminação tem trazido cada vez mais preocupações.
Um estudo minucioso iniciado há seis anos (as coletas são realizadas a cada três meses) em 140 rios e 374 outros corpos d’água traça um diagnóstico sombrio na rede hidrográfica que corta todas as regiões da Bahia.
As ligações de esgoto clandestinas, a ocupação desordenada do solo, o desmatamento das bacias, a coleta irregular do lixo e a poluição estão provocando alterações no volume dos rios, lagos e reservatórios, contaminando os aquíferos, degradando os mananciais e causando impactos negativos na qualidade e quantidade dos recursos hídricos.
Os dois rios que têm a pior qualidade de água da Bahia estão localizados na Região Metropolitana de Salvador: Camarajipe (capital) e Camaçari, que atravessa a cidade mais industrial do estado. O rio Camarajipe impressiona pela poluição. Duas amostras coletadas em pontos diferentes apresentam o mesmo resultado: água de péssima qualidade. No outro extremo, Camaçari também possui o rio (Capivara) com a melhor qualidade de água da Bahia. Outros rios com qualidade excelente de água são Imbassaí (Mata de São João) e Gritador (Piatã).
“O grande problema é que a velocidade da ocupação territorial é muito maior do que a capacidade que os governos (federal, estadual e municipal) têm de investir em saneamento e em outras obras de infraestrutura”, disse o engenheiro Eduardo Topázio, coordenador do sistema de monitoramento do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).

Apesar de todos os problemas, com exceção do semiárido, região que apresenta um déficit permanente, a quantidade e a qualidade da água baianas são consideradas satisfatórias. O trabalho de monitoramento analisa os aspectos físicos, químicos e biológicos da água.
De acordo com Topázio, a Bahia deve chegar em 2015 monitorando 566 pontos, cumprindo a meta do governo federal, que definiu as bacias hidrográficas como unidades territoriais de estudos. “O projeto inicial prevê um ponto monitorado a cada mil quilômetro quadrado”, afirmou. O monitoramento não inclui praias, lagoas e águas subterrâneas.
“O que temos de concreto é que precisamos entender que o uso econômico e racional da água é essencial para garantir o abastecimento às próximas gerações”, disse o secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler. O secretário cita dados da ONU para defender sua opinião. Segundo a Organização das Nações Unidas, a quantidade de água doce produzida por seu ciclo natural é praticamente a mesma de 1950, quando o consumo era bem menor. Mesmo com 75% da superfície da terra coberta por água, os especialistas têm razão quando dizem que as próximas gerações poderão enfrentar muitos problemas em relação ao abastecimento de água.
“A maior parte desse volume é de água salgada, imprópria para a produção de alimentos e consumo humano. É evidente que existem muitas técnicas para transformar a qualidade da água, mas os custos, por enquanto, são muito elevados”, disse Eduardo Topázio. Dados da ONU revelam que a quantidade de água doce disponível é muito pequena: menos de 3% do total existente no planeta.
Desdobramento
Eugênio Spengler ressalta que o trabalho de monitoramento também é importante para o desenvolvimento da Bahia. “As empresas e indústrias somente se instalam onde há água em grande quantidade e de ótima qualidade, dois fatores analisados pelo Programa Monitora”, diz. Na opinião do secretário, além de identificar e mapear as áreas para receber investimentos, o programa de monitoramento auxilia na tomada de decisões governamentais. “A Embasa, por exemplo, utiliza dados do programa para ampliar a oferta de água e esgoto”, afirmou.
Desde 2007, quando começou a segunda etapa do projeto, até o final do mês passado, a Embasa implantou quase 650 mil ligações domiciliares de água, beneficiando em torno de 2,5 milhões de pessoas. Em relação ao serviço de esgotamento sanitário, no mesmo período, foram realizadas aproximadamente 295 mil ligações intradomiciliares de esgoto, atendendo a 1,3 milhão de pessoas.
Dificuldade
Eduardo Topázio disse que os maiores problemas em relação à contaminação das águas acontecem quando os rios passam dentro das cidades. “O rio Cachoeira, por exemplo, quando atravessa Itabuna, piora as suas condições por causa da coleta irregular de lixo, falta de educação da população, que joga objetos em seu curso e, ainda, pelo esgoto a céu aberto que é despejado em suas águas”.
Outra dificuldade do programa é em relação à análise da água. “As amostras sãotransportadas para Salvador para serem examinadas em laboratórios da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Se houvesse melhor infraestrutura nas maiores cidades, com laboratórios bem equipados, certamente o nosso trabalho seria mais eficiente”, disse.

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