População negra é a mais prejudicada por desigualdades nos serviços de saúde no país
iBahia
Hipertensão e diabetes são algumas das doenças que atingem em sua maioria as pessoas negras.
De acordo com informações do Ministério da Saúde (MS), as desigualdades são apresentadas nos dados epidemiológicos que mostram a diminuição da qualidade e da expectativa de vida de negros e negras, por problemas como morte materna e infantil e a violência que atinge mais esse grupo populacional, principalmente os jovens homens negros. Hipertensão e diabetes são doenças recorrentes, mas que atingem em sua maioria as pessoas negras.
Para Crisfanny Souza Soares, articuladora da Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra, “existem doenças que são prevalentes na população negra, mas a nossa maior doença em relação à saúde da população negra é social, se chama racismo”. “É ele que dificulta o acesso e o acolhimento das pessoas negras no SUS e em todo o sistema de saúde privado. É ele também que dificulta a implementação das leis existentes para a melhoria dessas vidas”, concluiu a psicóloga.
A técnica da Assessoria de Promoção da Equidade Racial e Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, Eloísa Bastos, também destaca o racismo como determinante social de saúde, mas ressalta ainda que a interseção de outros fatores como pobreza e educação potencializam as discriminações nesses serviços. “Mais de 90% dos usuários e das usuárias do SUS em Salvador são pardos e pretos. E a questão do mau atendimento aparece aliada a outros fatores, como a classe social, baixa escolaridade e até o endereço de moradia dessas pessoas resultam nessas desigualdades em saúde”.
Bastos destacou alguns dos agravos que mais atingem a população negra: hipertensão, o alto índice de homicídios da população jovem negra de periferia, considerado problema de saúde pública, a miomatose uterina e a mortalidade materna que atingem em sua maioria mulheres negras.
Política Nacional
No início do segundo semestre de 2012, o governo federal, agências das Nações Unidas e a sociedade civil se reuniram em um Fórum com o intuito de definir estratégias para a efetivação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, aprovada desde 2006, pelo Conselho Nacional de Saúde, mas que passados seis anos não ocorre de fato em todos estados e municípios do Brasil, geralmente por não ter sido incorporada pelos gestores e gestoras de saúde dos locais.
Na época, a ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir) ressaltou que apesar dos esforços para garantir melhor atendimento nos serviços de saúde para a população negra, os indicadores não apresentam melhoras. “É quando a gente se defronta a uma constatação que não é nova, mas que sempre nos coloca dentro de uma posição de necessária reflexão do fato da população negra morrer mais e mais cedo. A Política precisa ser efetivada para que os indicadores de saúde possam mudar”.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra representa 67% do público atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que esses (as) são os que recebem menos ou pior atendimento. Confira abaixo as informações contidas na pesquisa e também do Ministério da Saúde:
- Exames clínicos de mamas durante consulta ginecológica ocorre menos para mulheres negras, do que brancas;
– De 2007 a 2009, o risco de uma negra morrer de colo de útero do que uma mulher branca, com a mesma idade, foi 20% maior;
– As grávidas negras têm menos chances de passar por consultas de pré-natal, por falta de acesso, informação ou discriminação nos serviços;
– A morte materna ocorre mais em mulheres negras, sendo que 90% são evitáveis. As principais causas são eclampsia, pré-eclâmpsia e aborto;
– No período de 2007 a 2009 o risco de morrer por AIDS foi 40% maior para negros e negras de 10 a 29 anos de idade, quando comparados a brancos (as).
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