Em entrevista, Geddel afasta a possibilidade de o PMDB baiano ficar isolado em 2014


fonte_tribunaTRIBUNA DA BAHIA
“Chance de uma candidatura ou de o PMDB sair na frente, desgarrado dos demais partidos, ela inexiste”, garantiu o ex-ministro.
Em meio a especulações sobre certa tensão no campo da oposição sobre o momento ideal para a escolha do candidato do grupo político, o presidente estadual do PMDB, Geddel Vieira Lima, assegura que o partido não considera a hipótese de sair isolado das forças oposicionistas. Não nesse momento.
“A minha tese é muito clara. Se eventualmente o PT antecipa a indicação do seu nome, na minha avaliação pessoal, a oposição tem que antecipar a indicação do seu nome. Ela pode ser aceita ou pode não ser aceita”, sugere Geddel. Vice-presidente da Caixa Econômica, o peemedebista evita criticar o governo federal, mas não poupa críticas a gestão de Jaques Wagner na Bahia. “Eu acho que o PT está fatigado e na Bahia, sobretudo, o PT não tem um grande exemplo de gestão a dar”, dispara.
Tribuna – O PT bateu o martelo e deverá anunciar o candidato que vai representar o partido no dia 30. Acredita que a vontade do governador Jaques Wagner vai imperar sobre o partido, emplacando realmente Rui Costa?
Geddel Vieira Lima – Como observador da cena – não tenho que opinar sobre as questões de quem é adversário, apenas como observador -, eu não tenho dúvida. O governador vai conseguir colocar guela abaixo do partido e dos aliados o nome da sua preferência. Partindo de um pressuposto: o governador acha que só ganha com o seu secretário da Casa Civil. Se fosse outro nome um pouco mais independente, um pouco mais de voo próprio, ele imagina que eleito num dia, estaria formando liderança no outro. Por isso ele prefere alguém que ele acredite que será totalmente ameno. Portanto, eu não tenho dúvida alguma que ele caminhará para indicar o secretário da Casa Civil.
Tribuna – O que o senhor acredita que está por trás dessa movimentação repentina de José Sérgio Gabrielli e de Walter Pinheiro, de agora querer ser candidato? O senhor acha que tem alguma chance ou faz parte do jogo político do PT?
Geddel – Acho que faz de um jogo, é legítimo. São dois homens públicos, com trajetórias importantes, que sonham, desejam ser candidatos ao governo da Bahia. Mas eles também sabem, tanto quanto eu, que a chance é zero e que o jogo está definido. O candidato é aquele da vontade pessoal, unipessoal, do governador, que é o secretário da Casa Civil.
Tribuna – Confirmado o candidato petista, e a oposição? Chega ou já chegou a um consenso sobre a data de anúncio do candidato?
Geddel – Esse tema eu discuto no campo da tese. E a minha tese é muito clara. Se eventualmente o PT antecipa a indicação do seu nome, na minha avaliação pessoal, a oposição tem que antecipar a indicação do seu nome, o que não significa que seja o meu. Mas do nome que vai concorrer em torno, em nome dos partidos que hoje compõe, vamos chamar assim, a base de sustentação do prefeito ACM Neto. Essa tese que eu levanto, ela pode ser aceita ou pode não ser aceita. As duas posições são legítimas. Se aceita, vamos construir logo em seguida a indicação desse nome, fechamento dos entendimentos com os partidos, o início das conversas sobre chapa, tudo mais. Se não aceita e prevalece a tese que alguns legitimamente defendem de jogar para fevereiro, apesar da eventual indicação do nome do PT, é claro que o PMDB e eu pessoalmente nos reservaremos ao direito de, ao chegar em fevereiro, definir, pensando e repensando em nossa posição. Portanto, é uma tese que eu defendo, não estabelecendo prazos para outros. Mas estabelecendo prazos para mim mesmo e para o nosso partido.
Tribuna – O senhor disse que o PMDB tem prazo para que as coisas se definam. Se não houver o entendimento nesse período, o PMDB vai sair na frente e sozinho?
Geddel – Essa chance não existe. Eu defendo desde sempre que a viabilidade de um projeto – que não é um projeto contra o PT ou contra o governo, mas um projeto alternativo ao que está aí, que vise preservar o pouco do que foi feito de bom e é claro que alguma coisa foi feita, ninguém erra tudo em sete, oito anos de mandato, mas avançar muito mais, governar com atitude mais afirmativa, defendendo mais ativamente os interesses da Bahia, fazendo as coisas acontecerem, um pouco como ACM Neto tem feito em Salvador. Isso passa pela unidade desse conjunto de forças que estão hoje na oposição ao governo do estado. Portanto, a chance de uma candidatura ou de o PMDB sair na frente, desgarrado dos demais partidos, ela inexiste. Primeiro, o PMDB não tem seu prazo, o PMDB tem uma tese. Se a tese do PMDB não for aceita, e prevalecer a tese dos que acham que pode ir para depois do carnaval, o que nós fazemos é nos reservar ao direito de repensar a nossa posição. Se vamos ou não manter uma candidatura, que posicionamento teremos em relação a isso. Mas essa é uma postura que não passa em nenhum momento essa possibilidade de sair desgarrado ou sair atritado com o conjunto de forças no campo em que estamos integrados.
Tribuna – Como vê a movimentação do Democratas, que dá sinais claros que o ex-governador Paulo Souto pode ser o representante do partido nas urnas? Como ficará? Abrirá mão da cabeça de chapa?
Geddel – Primeiro, eu aprendi ao longo da minha vida é entender os movimentos políticos como absolutamente legítimos e naturais. Nada mais natural que parlamentares, que militantes do Democratas desejem que um Democrata encabece a chapa. Nada mais natural que no PMDB se repita esse sentimento e no PSDB ou em qualquer outro partido. Portanto, é absolutamente legítimo. O que eu tenho até agora de concreto, nesse caso específico é manifestação reiteradas, inclusive feita a mim por parte do ex-governador, que nessa quadra da vida, ele não se sentia motivado, depois de governar o estado duas vezes, em ser candidato a governador. O ex-governador pode mudar esse pensamento? É legítimo que mude, se eventualmente assim ele achar conveniente. Quando é que eu posso comentar a respeito desse assunto? Quando o ex-governador Paulo Souto a mim disser que mudou o seu pensamento e que deseja ser candidato. Enquanto isso não ocorrer, apesar de achar legítimo, a experiência me indica que eu não devo comentar especulação nem tititi de bastidor.
Tribuna – O senhor cogita em alguma possibilidade disputar o Senado ou isso é incogitável?
Geddel – Não discuti isso. Eu sou pré-candidato ao governo da Bahia. Em nome do PMDB, como peemedebista, e buscando apoio desse conjunto de forças. Desejando ardorosamente o apoio de ACM Neto, do José Carlos Aleluia, do Jutahy (Magalhães Jr.), do José Ronaldo, do (Antonio) Imbassahy, do João Almeida, do PTC, do PTN, do PV, do PPS, do PROS, desse conjunto de forças políticas. Sou pré-candidato a governador. Se essa pré-candidatura ao governo não for aquela que unifique essa corrente de pensamento, essa visão de Bahia, evidentemente que nessa hora então para discutir as alternativas que estão à frente. Se você quer especular, eu levo em conta todas. Inclusive ser deputado estadual. Retomar o mandato de deputado federal. Hipótese que não me agrada muito, acho que eu já dei minha contribuição à Bahia. Não sou um político profissional. Estarei aberto a discutir com esse conjunto de forças. O que eu acho que é importante é viabilizar um projeto político diferente para a Bahia. Você me fala mais especificamente que eu não sou de deixar pergunta sem resposta, na primeira avaliação o Senado não é algo que me encante. Mas quem está na política não pode dizer jamais “dessa água não beberei”.
Tribuna – Concorda com a tese de alguns de que Paulo Souto pode ser alçado a condição de vice de Aécio Neves, justamente para fortalecer a presença do PSDB aqui no nordeste?
Geddel – Olha, o Paulo é um nome respeitado, uma figura que tem tamanho e dimensão para ocupar qualquer função, inclusive a função de candidato a presidente da República. Mas eu não tenho informações a esse respeito. Aí é uma decisão mais do conjunto de forças que dará sustentação ao senador Aécio Neves e sobretudo uma decisão que vai depender muito do Aécio. Eu prefiro não opinar sobre uma coisa que não tenho governança.

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