PT se diz refém de um sistema eleitoral que facilita a corrupção
FOLHA ONLINE
Documento redigido por Marco Aurélio Garcia coloca partido como “vítima” do sistema político atual.
Após as prisões dos petistas condenados pelo mensalão, o PT tentará agora reforçar a tese de que o partido é vítima do atual sistema político-eleitoral. A defesa foi apresentada na primeira versão do texto base do 5º Congresso Nacional do PT, que será aberto em dezembro, em Brasília.
Redigido por Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República, o documento afirma que o partido é “prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção”. Ele foi mostrado ao Diretório Nacional do partido na última segunda-feira, em reunião realizada em São Paulo. O texto ainda poderá ser modificado por emendas.
Sem citar o mensalão, o PT levanta a bandeira da ética como forma de fazer um contraponto ao escândalo que atingiu o partido e volta a defender uma ampla reforma política. Após os protestos de junho, Dilma Rousseff sugeriu ao Congresso a realização de um plebiscito sobre o assunto, mas foi derrotada. De acordo com o PT, o financiamento público exclusivo de campanha é o principal passo a ser dado no rumo de uma reforma política.
O documento faz ainda uma dura crítica ao Poder Judiciário ao afirmar que o “sistema judicial é lento, elitista e pouco transparente” e diz ainda que ele tem sido “permeado por interesses privados”. Ao longo de 14 páginas, o texto faz ainda uma autocrítica sobre a “burocratização” do partido durante os 11 anos de governo e afirma que o PT não avançou para imprimir um novo ritmo à sua política.
No fim do documento, o partido indica o que poderá ser o mote de campanha para a reeleição de Dilma Rousseff ao comparar o atual momento político com o fim da ditadura. “Quando saímos da noite da ditadura, soubemos dizer ‘Nunca Mais!’. Agora, depois de uma década de grandes transformações, afirmamos ‘Nunca menos!’.” No texto, os petistas resgatam o discurso de que os problemas econômicos refletem a herança deixada por Fernando Henrique Cardoso, como recessão, juros abusivos, fortes pressões inflacionárias e vulnerabilidade externa.
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