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Com greve de professores, governo de Minas Gerais dará aulas pela TV


Último Segundo
Estado vai usar emissora estadual para tentar preparar os alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Milhares de alunos da rede estadual de Minas Gerais que pretendem fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no próximo mês, estão trocando a sala de aula pela sala de TV.
A greve dos professores do Estado, que completa 91 dias neste domingo, leva os alunos do último ano do ensino médio a ficarem ainda mais ansiosos com as decisões de uma vida: a escolha de uma profissão e a luta para entrar em uma universidade. Na tentativa de reverter a falta de aulas, o governador Antonio Anastasia (PSDB) anunciou que a Rede Minas, emissora de TV estatal, irá veicular questões com chances de serem abordadas no Enem. A medida, apesar de paliativa, é vista com bons olhos.
O estudante Marlon Miranda, 17 anos, que pensa em prestar vestibular para direito, afirma: “Vou assistir aos programas com as questões do Enem, pois acho que vai ajudar quem quer aprender, com certeza. Estamos muito prejudicados. Com certeza, três meses é muito tempo, muita matéria perdida”, comentou sobre a paralização parcial em sua escola, a Desembargador Rodrigues Campos, em Belo Horizonte.
A subsecretária de Desenvolvimento de Educação Básica de Minas Gerais, professora Raquel Elizabete de Souza Santos, explica ser intenção do governo dar reforço no conteúdo escolar pela TV para todos os níveis do ensino, mas que “por estarmos perto da realização do Enem, o ensino médio teve prioridade na veiculação do conteúdo pela TV”
“Teremos pílulas durante a semana e, no sábado, um programa com duração maior. No sábado, os estudantes vão participar ao vivo, tirando dúvidas pelo telefone ou pela internet. Vamos focar nas áreas de mais difícil compreensão, selecionamos assuntos mais complicados e questões que normalmente geram mais dúvidas”, contou. Os conteúdos a serem veiculados englobam as áreas de ciências biológicas, química e física, sociologia e filosofia, geografia, história e matemática, além de espanhol, inglês, português e redação.
O chamado “Plantão Enem” começa a ser exibido no próximo dia 17. Com dois minutos de duração, eles serão exibidos de segunda a sexta. “É uma iniciativa inédita”, afirma a subsecretária. Haverá também o “Plantão Enem ao Vivo”, aos sábados e com uma hora de duração. A Rede Minas tem capacidade para atingir cerca de 700 das 853 cidades mineiras.
A greve
O governo informa que a greve atinge de forma integral 3% das escolas e de forma parcial 16%, mas o sindicato dos professores diz que a adesão à paralisação é maior, atingindo 50% de toda rede estadual, composta por mais de 4 mil escolas e 2,4 milhões de alunos.
Bárbara Virgínia, de 17 anos, aluna da rede estadual, optou fazer um cursinho particular para se preparar para o Enem. Por causa disso, ela, que sonha cursar medicina veterinária, se sente preparada, mas ressalta que seus pais têm um custo adicional por isto. “Minhas aulas voltaram há duas semanas, com professores substitutos e tem funcionado”, diz, também a favor do reforço pela TV.
A greve dos professores da rede estadual em Minas teve início em junho. Os professores e servidores da Educação buscam melhorias salariais e reivindicam o pagamento do piso nacional, de R$ 1.187,97 para 40 horas por semana.O Estado diz que paga mais do que isso, mas coloca na conta vantagens adquiridas, como gratificações por tempo de serviço, valores não considerados para férias e 13º salário.
Justiça
A Federação das Associações de Pais e Alunos de Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg) promete ir à Justiça Federal para tentar cancelar a prova do Enem no Estado. O presidente da Fapaemg, Mário de Assis, alega que os estudantes mineiros não estão em condição de igualdade para fazer a prova.
“Não vou me acovardar. Recorri a várias instâncias e agora vou acionar a Justiça”, diz Assis. O advogado da Fapaemg, Maurílio de Assis, afirmou que nos próximos dias entrará com um pedido de liminar para suspender o Enem. Ele explicou que utilizará como argumento manifestação do Ministério Público Estadual de que a perda de conteúdo neste ano letivo já é irreparável.
Nesta semana, o governador Antonio Anastasia reuniu-se em Brasília com o ministro da Edicação, Fernando Haddad, para discutir a situação delicada do Estado. O governador informou sobre a contratação provisória de 3 mil professores. Ao ser questionado por jornalistas sobre a possibilidade de adiamento do exame, o ministro disse que o “Enem é um exame nacional, e não estadual”.
Enquanto os professores pressionam pelo pagamento do piso nacional, o governo mineiro alega limites impostos pela lei de responsabilidade fiscal. Anastasia também cita como entrave cautela diante da crise econômica mundial. Na próxima semana, governo e professores voltam a tentar um acordo para acabar com a greve, a mais longa desde a década de 1990.

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