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Polícia investiga divulgação de imagens de Kelly Ciclone morta no IML. Família diz que vai processar o Estado

iBahia | COrreio
A assessoria informou ainda que medidas correcionais serão tomadas com o rigor que a situação exige.
O Departamento de Polícia Técnica (DPT) investigará a divulgação das imagens de Kelly Ciclone morta no Instituto Médico Legal (IML) Nina Rodrigues. Em nota, a assessoria do órgão informou que as dependências onde as perícias são realizadas tem acesso restrito a funcionários e que por que isso a Corregedoria da Instituição fará uma análise rigorosa.
A assessoria informou ainda que medidas correcionais serão tomadas com o rigor que a situação exige. O vídeo da perícia do corpo de Kelly, que tem cerca de mil visualizações, foi postado nesta quarta-feira (27) por um usuário do site Youtube.
Família indignada diz que vai processar o Estado
Em um minuto e 56 segundos, o vídeo intitulado Kelly Cyclone no IML, postado no site Youtube, expõe com detalhes o corpo de Kelly Sales Silva, minutos antes de ser necropsiado no Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues. As imagens focalizam o rosto, ferimentos e as tatuagens da jovem, assassinada a tiros e facada em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana, após sair da festa de pagode Salvador Fest. (Vídeo abaixo – Imagens muito fortes)


Diante da publicação, a Secretaria da Segurança Pública determinou que o Departamento de Polícia Técnica instaure uma sindicância para apurar a autoria do vídeo divulgado na internet com imagens do corpo. Segundo a SSP, o corregedor do DPT, o perito criminal Jorge Braga Barreto, já designou uma comissão para apuração do fato. Como o autor do vídeo fala na gravação, a perícia tentará identificar o dono da voz. A sindicância tem 30 dias para apresentar relatório.
“As imagens apresentadas estão sendo analisadas pela Corregedoria da instituição para que sejam tomadas, com extremo rigor, as medidas correcionais que a situação exige”, reforçou o DPT. O diretor do DPT, o perito criminal Raul Barreto Filho, será substituído hoje pelo também perito Élson Jeffeson Neves da Silva, mas o órgão negou ontem, através de nota, que a mudança tenha relação com a divulgação das imagens.
Já a família de Kelly considerou a atitude “uma falta de respeito” e pretende processar o Estado. “Quando a gente acha que está ficando melhor, vem uma bomba dessas. Essa não é a imagem que a gente gostaria de guardar de minha filha. Ela não teve paz em vida e não estão deixando ter nem depois de morta”, lamentou a mãe de Kelly, a comerciante Maria Aparecida da Silva.
“Já falei com meu advogado e a gente vai entrar com uma ação contra o Estado. Lá, só quem tem acesso é funcionário do IML, como é que permitiram fazer um negócio desses? Quem fez isso foi uma pessoa sem caráter”, complementou a mãe.
O vídeo feito dentro das instalações do IML, local com acesso restrito a funcionários do órgão, vazou na internet e foi postado no Youtube anteontem por um usuário identificado como “llincoln100”. As imagens exibem o corpo vestido com a camisa da Seleção Argentina e um short jeans, dentro de uma bandeja de remoção de cadáveres.
Primeiro, a câmera se aproxima do rosto que ainda está com olhos abertos e depois focaliza a barriga da jovem, onde manchas escuras exibem a violência com que foi morta. Depois, ainda mostra parte das 20 tatuagens de Kelly Doçura, como também era conhecida. Na descrição do vídeo, o usuário que postou escreveu “Kelly Cyclone ou Kelly Doçura morta no IML. Vá com Deus!!”.
Polícia investiga duas hipóteses para o assassinato
Onze dias após Kelly Cyclone ter sido assassinada, a polícia ainda não identificou a autoria do crime. Duas hipóteses são investigadas. Na primeira, a jovem teria sido morta por motivo passional. O autor seria Carlos Gustavo Cohen Alencar Braga, o Gustavinho, 26 anos, que a teria ameaçado após ela ter recusado seu pedido de namoro.
O rapaz, que é filho de um policial civil, foi ouvido por agentes da 23ª Delegacia de Polícia, no dia 19, e negou envolvimento no crime. Em depoimento, ele contou que Kelly foi morta por homens que estavam num Focus prata que teria interceptado o veículo dele (um Gol também prata), no centro de Lauro de Freitas.
A segunda versão aponta como autor do crime Wellington Nunes, o Mão, traficante da localidade de Casinhas, no final de linha de Lauro de Freitas. O crime estaria relacionado com a guerra do tráfico – Kelly era namorada do traficante Toni Rogério, o Tonny, que, mesmo preso na 23ª Delegacia, em Lauro, continua no controle das bocas da Rua 4, na comunidade de Vila Praiana.

Vida no crime
Kelly Sales Silva ficou conhecida após ser presa em fevereiro de 2010 na festa do pó, na Boca do Rio. Com inúmeras tatuagens – coelho da Playboy, de Chucky, o brinquedo assassino, um dragão que cobria toda a perna e um ‘Vida Loka’ no cóccix – não se intimidava em postar fotos segurando armas em seu perfil na rede social orkut.
A “lokura” começou com o desfecho trágico de seu primeiro namoro, com Anderson, 17, de quem estava grávida. Depois do fim do namoro, Anderson se suicidou tomando veneno de rato. “Kelly estava com 16 anos e seis meses de gravidez e só falava que ia se matar. Encontramos chumbinho na gaveta dela” , lembrou a irmã Carla Sales, 24.
Kelly começou a ter visões, inclusive jogando o filho pela janela. O garoto tem 5 anos. Nessa época, ela deixou de ser Kelly Sales Silva para se transformar em Kelly Doçura. “Eu namorava com Bombado Doçura, percussionista do Saiddy Bamba, que agora tá no Báck, por isso o apelido”, lembrou à época de sua prisão em 2010. Foi após namorar com o músico que ela ganhou o apelido de Kelly Doçura. Bombado não revelou se Kelly é a chapeuzinho vermelho que inspirou a música Lobo Mau.

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