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Ex-professor, taxista atende clientes pelo Twitter, Facebook e e-mail

iBahia
Conheça o trabalho desenvolvido pelo taxista Fernando Silveira, que oferece serviços especiais através da internet, de olho na Copa de 2014.
Quinze anos antes de Salvador ser escolhida como uma das doze cidades sedes da Copa de 2014, Antônio Fernando de Almeida Silveira, 45 anos, já era uma referência nos serviços que prestava na capital baiana. Depois de deixar a profissão de professor de natação, por escolha própria, e de começar a se dedicar à carreira de taxista, ele iniciou um história ímpar de empreendedorismo neste setor.
Antes de começar, ele fez um curso de preparação específico para a nova ocupação. Aprendeu direção defensiva, os cuidados e atenção destinada aos clientes, o tratamento polido, a tranquilidade e a segurança na hora de comandar o automóvel e, sobretudo, a amar a profissão em que atua. “Eu sempre digo que sou movido por três grandes paixões: paixão pela vida, pelas pessoas e pelo trabalho. Nesse trânsito caótico de Salvador, esses três elementos combinados me ajudam todos os os dias”, diz.
Nos primeiros anos, Fernando conta que a principal dificuldade enfrentada era com a enorme concorrência – cerca de 11 mil profissionais (legalizados ou cladestinos) desenvolviam as mesmas atividades que a dele. O impasse, entretanto, virou motivação. A partir desta realidade, ele começou a pensar em estratégias e ações para oferecer um tipo de serviço que tivesse algum diferencial em relação aos demais profissionais.
“Eu percebia que os taxistas daqui ainda tinham um certo tratamento, por assim dizer, mais rude com as demais pessoas. Não gostava de fazer corrida para perto, criavam algumas situações que constragiam o passageiro. Então, fui na contramão de todas estas práticas e comecei já fazendo um atendimento sério e sem essas restrições. Com isso cheguei a ser rechaçado por alguns colegas, mas segui”, relembra.
Conquistando aos poucos a clientela, estabelecendo uma relação de confiança e de respeito, o taxista partiu para novas empreitadas. Quando ainda praticamente não existiam os serviços de entrega delivery, ele se prontificava a entregar os pedidos das pessoas e a transportar o que solicitavam. “Isso tudo eu fazia e ia ficando mais conhecido pelas pessoas, mas a grande reviravolta veio mesmo quando comecei a entrar no mundo virtual, a conhecer e explorar os mecanismos da internet”, explica.
Fernando, que antipatizava com os meios digitais, decidiu seguir o conselho de uma família de turistas de italianos e criou um email. Na época, o acesso a internet estava longe de alcançar a popularização que iria adquirir anos mais tarde. Mesmo assim, Fernando passou a receber diversas solicitações de usuários e agendamentos de corrida. Ficou curioso com a repercurssão e decidiu dedicar um pouco mais de atenção ao universo virtual. “Fiquei sabendo da possibilidade de criar homepage, mas me deparei com a dificuldade de criar uma página na internet porque o valor era alto. Fiz um apelo para que diversas empresas me ajudassem a criar o site, para que apostassem na inciativa e uma destas acreditou. Minha página ficou hospedada no servidor deles e todo o meu trabalho tomou outra dimensão”.
O taxista ressalta que a criação da página foi pioneira e que o seu site era uma referência nos sites de buscas. Ele mesmo contribuia com isso: “Sempre que podia, acessava de uma lan house e fazia as buscas. Assim, minha página foi virando uma referência conhecida na cidade e os buscadores aumentaram”. Deste momento em diante, Fernando passou a receber solicitações constantemente e o trabalho passou a ser conhecido em toda a cidade e também fora dela.
Com o surgimento das redes sociais o trabalho ganhou outras proporções. “Nunca gostei muito do Orkut porque tinham muitas informações desnecessárias. Me apaixonei mesmo pelo Facebook, pelo Twitter e pelo Foursquare. Essas são as ferramentas mais indispensáveis hoje. São dinâmicas, são interativas e geram um grau de confiança para além da própria corrida. Repercutem, divulgam o bom trabalho que desenvolvo. Se hoje pretendesse fazer uma propaganda massiva dos meus serviços, teria um custo alto. Com essas redes, não”.
Em paralelo aos trabalhos feitos na rede social, o taxista conta que continua buscando aspectos que ressaltem e valorizem o seu trabalho frente aos demais profissionais, sem desmerecer o jeito de cada um. “Qualquer um que me contacte via Facebook, Twitter, Email, enfim, tem 15% de desconto nas corridas. Quando eu não posso fazer o trajeto, por conta das demandas, repasso para a Elite Táxi, empresa que faço parte, e mantenho o desconto de 10%. Neste caso, eu mesmo pago ao outro motorista o valor descontado”. O abatimento de 15% vale para qualquer perído entre 17h e 6h, faixa de horário em que Fernando trabalho. Nos demais horários, fica valendo o abatimento de 10%.
Além disso, Fernando tem os celulares de quatro operadores, o que facilita a comunicação com a clientela. “Ele pode não ter crédito do celular, mas tem bônus da operadora e aí facilita. No meu taxi, eu disponibilizo também um tablet e tem acesso a internet. O cliente pode fazer o check in dentro do carro, no caminho do aeroporto, tenho tradutor de todas as línguas, me comunico com qualquer turista. Tudo isso facilita. No próprio blog, existe uma ferramenta que permite ao passageiro calcular antecipadamente o valor provável da corrida e até imprimir o mapa, para caso de necessidade”, ressalta.
Os resultados chamam a atenção. Quase 40% do faturamento diário vem justamente dos chamados feitos redes sociais. “Acredito que o retorno maior seja com o relacionamento com as pessoas. Me relaciono com todas as pessoas: das mais simples à autoridades. E trato todos com a mesma educação e respeito”.

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