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Delta manterá obras e diz que dono se afastou por ‘isenção’ em auditoria


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A direção da empresa, durante a investigação, ficará a cargo de Carlos Alberto Verdini, que trabalha na empresa desde 2003.
A Delta Construções justificou em nota divulgada nesta quarta-feira o afastamento de seu proprietário, Fernando Cavendish, do comando da empresa, junto ao diretor Carlos Pacheco. Segundo a construtora, os dois executivos decidiram licenciar-se do conselho administrativo para demonstrar “isenção com que se pretende sejam conduzidos os procedimentos da auditoria”.
A Delta está no centro das investigações das denúncias de uma rede de corrupção encabeçada por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Por isso, segundo a empresa, foi determinada a realização de uma auditoria para averiguar todas as práticas de responsabilidade da Diretoria do Centro-Oeste. A empresa, que tem 195 obras em andamento, também garantiu que “continuará a cumprir seus contratos, obrigações e compromissos assumidos com seus fornecedores e clientes”.
O ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, afastado desde 8 de março da empresa, foi preso pela Polícia Federal (PF), junto a um vereador de Anápolis, Goiás. De acordo com a nota da Delta, os atos de Abreu “eram inteiramente desconhecidos pela administração da empresa e por seus acionistas”.
A direção da Delta, durante a investigação, ficará a cargo de Carlos Alberto Verdini, que trabalha na empresa desde 2003. Na quarta-feira, a CGU anunciou a abertura de um processo para apurar as denúncias de tráfico de influência e corrupção que atingem empresa. As suspeitas da Polícia Federal são de que a construtora teria alimentado doações eleitorais repassadas por Cachoeira.
Se for declarada inidônea, a Delta será proibida de firmar contrato com órgãos públicos e os contratos existentes poderão ser cancelados. Segundo levantamentos, a Delta é a principal construtora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Apenas no ano passado, a empresa faturou mais de R$ 862 milhões com obras federais. A CGU afirmou que a empresa terá o direito de se defender das denúncias e não há um prazo para conclusão do processo. Além da investigação da CGU, a empresa será alvo da Comissão Parlamentar Mista de Inquério (CPI) instalada para investigar o elo de Carlinhos Cachoeira com servidores públicos e privados.
Acuada pelas denúncias, a Delta já começou um movimento de abandono de grandes obras, como a sua participação nos consórcios que tocam a reforma do Maracanã, a construção da TransCarioca e do polo petroquímico de Comperj. Com 25 mil empregados diretos e 5 mil indiretos, a empresa tenta agora evitar o efeito dominó que atingirá outros projetos.

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