Ação de esquadrões da morte na Bahia motiva a abertura de inquérito federal


A Tarde
Crime com característica de execução, maio último, em Areia Branca
A Procuradoria da República na Bahia (PR-BA) instaurou inquérito civil público para investigar a atuação de grupos de extermínio no Estado, com suspeita de envolvimento de policiais militares. No inquérito, o procurador Domênico D’Andrea Neto, responsável pela investigação, cobra explicações aos órgãos estaduais de defesa dos direitos humanos sobre as providências que vêm sendo implantadas para impedir a execução de jovens, principalmente negros, por “esquadrões da morte”.
A investigação foi iniciada no dia 13 do mês passado, para apurar denúncia na imprensa sobre a atuação de grupos de extermínio, supostamente compostos por integrantes da PM. D’Andrea Neto, titular da Procuradoria Regional do Direito do Cidadão, anexou ao inquérito reportagens de jornais. A PR-BA não deu detalhes sobre a denúncia que originou o inquérito.
O procurador pediu informações ao Conselho Estadual de Proteção aos Direitos Humanos sobre as providências que estão sendo tomadas para combater a ação desses grupos. E também solicitou informações à Superintendência de Direitos Humanos e à Procuradoria Geral de Justiça. A competência para coibir esse tipo de crime é desses órgãos estaduais, além da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA).
Não há estatísticas oficiais sobre assassinatos cometidos por grupos de extermínio na Bahia. Mas integrantes do Movimento Negro Unificado (MNU) denunciam a matança de jovens negros promovida por integrantes de esquadrões da morte. O escritor Hamilton Borges Walê, coordenador da campanha Reaja ou Será Morto, que luta contra o assassinato de negros, responsabiliza o governador Jaques Wagner e o secretário da Segurança, César Nunes.
Investigações - O secretário rebate, alegando que a secretaria investiga todo tipo de assassinato, sem qualquer corporativismo. “Nós investigamos todos os homicídios, inclusive os praticados por grupos de extermínio, sejam com a participação de policiais ou de qualquer outra pessoa. A prova disso são investigações de casos como o de Vitória da Conquista, em que os policiais envolvidos na morte de 11 pessoas foram todos presos. Em 2010, também teve o caso do Pero Vaz, em que policiais militares mataram cinco jovens e foram todos presos”, argumenta Nunes.

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