Carga de urânio permanece lacrada na INB em Caetité
A Tarde | Juscelino Souza
Cinco dias depois de deixar o 17º Batalhão da PM em Guanambi, a 757 km de Salvador, com destino a Caetité, distante 40 km do ponto de partida, a carga de 90 toneladas de concentrado de urânio permanece lacrada numa área isolada da Indústrias Nucleares do Brasil (INB).O produto só deverá ser manipulado após avaliação de técnicos da Comissão Nacional de EnergiaNuclear (CNEN), com acompanhamento de representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), da INB e de membros de uma comissão institucional provisória de Caetité. Como a data ainda não foi definida, e por se tratar de estratégia de segurança nacional, a vigilância sobre os nove contêineres foi redobrada, com auxílio de homens treinados e câmeras de vigilância.
Qualquer pessoa que venha a ter acesso à província uranífera deve apresentar autorização expressa da INB, documentação pessoal e revista em pertences e automóvel, além de ser passível de ser filmado ou fotografado.
A INB não se manifestou sobre o assunto, nem sobre o cumprimento das condicionantes acordadas em reunião com a comissão provisória para manipulação da carga radioativa.
Impasse – Todo impasse foi gerado há pouco mais de uma semana, quando cerca de 3 mil pessoas impediram a passagem da carga em Caetité, fazendo com que o comboio seguisse para Guanambi.
Para retornar ao município e seguir para a mina, os membros da comissão impuseram, dentre outros pontos, que a carga permaneça lacrada “até que sejam satisfeitos todos os requisitos de segurança dos trabalhadores da INB e do meio ambiente e depois de concluídos os trabalhos do IBAMA e da CNEN”.
O material foi transportado do Centro Experimental de Aramar, em Iperó, em São Paulo, até Caetité, onde será reembalado. Depois de avaliada pela CNEN e processada a carga, avaliada em R$20 milhões, deve deixar a Bahia no prazo estipulado de 20 dias e, em seguida, enviada à Europa para ser enriquecida.
A INB alegou que as 90 toneladas de urânio concentrado são essenciais para suprir a lacuna deixada pela queda deprodução da mina de Caetité de 400 toneladas/ano para 180 toneladas/ano em 2010. A INB descartou, desde a semana passada, qualquer nova remessa do mesmo produto a curto ou longo prazo para Caetité, por acreditar na retomada da produção normal.
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