DILMA SOBRE ALIADOS: ‘NA CHANTAGEM, NÃO ME DOBRAM’

Estabeleceu-se entre Dilma Rousseff e os partidos que a apoiam no Congresso uma atmosfera de mesa de pôquer. A presidente decidiu jogar o peso de sua autoridade no pano verde das incertezas legislativas. Nega-se a entegar R$ 4 bilhões “exigidos” pelos aliados. Os líderes governistas na Câmara, à frente Henrique Eduardo Alves (PMDB), arrastaram sua fichas: sem as verbas, as votações vão desandar. Informada da ameaça, Dilma dobrou a aposta. Disse que não prorrogará o decreto que cancela nesta quinta as emendas reivindicadas pelos parlamentares. Numa conversa privada com dois auxiliares, Dilma soou assim: “Se acham que vão me dobrar na base da chantagem, estão enganados”. Dilma contrapõe à exigência dos congressistas o “interesse nacional”. Esgrime argumentos que, segundo imagina, encontrarão eco na opinião pública. Alega que, cedendo aos congressistas, prejudicaria o equilíbrio fiscal num instante em que o governo corta R$ 50 bilhões do orçamento.
Há cerca de dois meses, num encontro com prefeitos, Dilma comprometera-se a liberar R$ 750 milhões. Mas soltou apenas R$ 500 milhões. Ou seja: os R$ 150 milhões levados à mesa por Ideli não cobrem nem a diferença do que já estava prometido: R$ 250 milhões.
Com o humor conspurcado, os deputados foram ao plenário. Depois de passar o dia rugindo como leões, miaram à noite. Levada a voto, a proposta que flexibiliza as licitações da Copa e das Olimpíadas foi aprovada com as alterações que o governo consentiu.
Significa dizer que, na primeira rodada do pôquer, Dilma prevaleceu sobre a “chantagem”. Seus apoiadores alegam que lhe deram um “voto de confiança."

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