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Dilma diz que violações de direitos humanos ocorrem em todos os países

Último Segundo
Em Cuba, presidenta citou como exemplo as violações denunciadas na base americana de Guantánamo.
Presidenta Dilma Rousseff participa de cerimônia em Havana, Cuba
A presidenta Dilma Rousseff disse em entrevista coletiva em Cuba nesta terça-feira que não se pode tratar de direitos humanos como ferramenta para criticar apenas certos países.
“O mundo precisa se comprometer em geral. Não é possível fazer da política de direitos humanos só uma arma de interesse político e ideológico. O mundo precisa se convencer que é algo que todos os países do mundo têm de se responsabilizar, inclusive o nosso”, disse a presidenta.
Dilma afirmou que desrespeitos aos direitos humanos ocorrem em todas as nações, inclusive no Brasil, e citou como exemplo as violações denunciadas na base americana de Guantánamo. ”Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós no Brasil temos o nosso. Então eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral”, disse a presidenta, em coletiva de imprensa.
“Não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro. Ela serve para nós também.” A visita oficial da presidenta brasileira à ilha caribenha vem sendo cercada de expectativa sobre seu posicionamento em relação às liberdades individuais, principalmente por parte de dissidentes do regime comunista no país.
A chegada de Dilma ocorre 11 dias após a morte do opositor cubano Wilman Villar, que morreu em meio a uma greve de fome pela qual protestava por ter sido condenado a quatro anos de prisão. O governo cubano, porém, diz que Vilar estava preso por ter espancado sua mulher e que ele recebeu tratamento médico adequado na prisão. Na segunda-feira, dissidentes cubanos chegaram a dizer que não esperavam que a presidenta fosse interceder junto ao governo de Cuba sobre as questões relativas à liberdade de expressão.
O posicionamento de Dilma diante do tema, no entanto, vem sendo esperado pela blogueira cubana Yoani Sanchez, que enviou uma carta à presidenta pedindo sua interferência para que ela consiga permissão do governo cubano para deixar o país e viajar ao Brasil.
Dilma, no entanto, deixou claro que a ação do Brasil se limitará à concessão de visto de turista, o que já ocorreu na semana passada. “O Brasil deu seu visto para a blogueira. Os demais passos não são da competência do governo brasileiro”, disse a presidenta. Yoani Sánchez é uma das mais proeminentes críticas do governo cubano e quer vir ao Brasil para o lançamento de um documentário do qual participou.
Presidenta Dilma Rousseff reúne-se com líder cubano, Raúl Castro
Laços econômicos
A presidenta disse também que sua visita a Havana tem como principal objetivo impulsionar as relações econômicas e a cooperação entre Brasil e Cuba. Em 2011, segundo o Ministério do Desenvolvimento, o intercâmbio comercial entre os dois países atingiu o valor recorde de US$ 642 milhões, crescimento de 31% em relação a 2010. O saldo é amplamente favorável ao Brasil, que tem superavit de US$ 458 milhões.
Dilma mencionou incentivos brasileiros à compra e produção de alimentos no país caribenho e o financiamento de quase US$ 700 milhões concedido pelo BNDES (Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social) para a reforma do porto de Mariel, nos arredores de Havana.
A visita ocorre uma semana após a liberação da última parcela do empréstimo à obra, executada pela empresa brasileira Odebrecht e prevista para terminar em 2014. O empreendimento inclui uma “zona especial de desenvolvimento” de 400 km², que abrigará indústrias voltadas à exportação. “Trata-se de um sistema logístico de exportações de bens”, disse.
Segundo diplomatas brasileiros, além de ajudar Cuba em sua missão de “atualizar” o socialismo e diversificar suas fontes de receitas, a ampliação do porto abrirá oportunidades de negócios para empresas brasileiras interessadas em se instalar ou expandir as operações na América Central.
Dilma também condenou o bloqueio econômico imposto ao país. Segundo a presidenta brasileira, a melhor forma de o Brasil ajudar o país caribenho é furar esse bloqueio e continuar investindo em parcerias que também são estratégicas para o Brasil.
“Eu acredito que a grande contribuição que nós podemos dar aqui, a Cuba, é ajudar a desenvolver todo o processo econômico”, disse. “A melhor forma de o Brasil ajudar Cuba é contribuir para acabar com esse processo, que eu considero que não leva à grande coisa, leva mais à pobreza das populações que sofrem a questão do bloqueio, a questão do embargo, do impedimento do comércio”. A visita ao porto encerra a agenda oficial de Dilma em Cuba. Na manhã desta quarta-feira, ela embarca para o Haiti.

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