POETA JOSÉ INÁCIO CRITICA A ACADEMIA DE LETRAS DE JEQUIÉ E DEFENDE INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO

José Inácio falando sobre a literatura. Foto: jivmcavaleirodefogo
José Inácio fala sobre a literatura. Foto: jivmcavaleirodefogo



Numa longa entrevista concedida esta semana ao blog Enfoque Cultural, o poeta e jornalista José José Inácio Vieira de Melo (JIVM) - escritor de vários livros, como a A infância do Centauro (2007) e Roseiral (2010), falou sobre seus projetos literários, a gestão da Secretaria de Cultura da Bahia, a produção da poesia no País e da importância da leitura. “A juventude lê muito pouco. Os pais leem menos ainda”, afirmou.

Como o poeta tem uma vivência em Jequié e em outras cidades da região, como Maracás, produzindo eventos literários, ele expressou sua opinião a respeito da Academia de Letras de Jequié, entidade com a qual fez trabalho de parceria há pouco tempo. O entrevistador foi Alisson Andrade (AA), responsável pelo blog. Leia o trecho abaixo:

AA – Como você vê a atuação da Academia de Letras de Jequié?

JIVM – Não vejo, pois não acontece nada. E quando aconteceu, os próprios acadêmicos foram os primeiros a boicotar, como aconteceu em 2009 e 2010 com o projeto Travessia das Palavras, idealizado e coordenado por Leonam Oliveira e por mim. Naquele biênio, quando o escritor Leonam Oliveira era presidente da ALJ, trouxemos para Jequié alguns dos mais importantes poetas e prosadores da Bahia e do Brasil – um grande presente para a comunidade jequieense. É importante salientar que havia um secretário de cultura de verdade em Jequié, com políticas definidas, refiro-me ao Benedito Sena, vulgo Bené Batera, que sempre nos apoiou em todos os sentidos. Por outro lado, vários acadêmicos, por antipatia a fulano ou a sicrano, ou então por não receberem convites em suas residências, não compareceram uma vez sequer ao evento – coisa de menino mimado ou sinônimo de mediocridade. O impressionante é que as pessoas da cultura, os professores de literatura, os estudantes de Letras e os gestores culturais também não frequentavam o projeto, salvo as raras exceções.

AA – Matéria recente do “Estadão” nos dá conta de que o mercado editorial brasileiro cresceu em percentuais generosos em 2010. Como você avalia esse mercado?

JIVM – Ainda ontem fui entrevistado sobre esse assunto pelo jornal A Tarde, por telefone. A repórter Deborah Menezes fez a mesma pergunta. Eu nem tinha conhecimento da matéria do Estadão. Mas isso, para mim, não muda quase nada. A maioria dos escritores brasileiros ainda vive no quase completo anonimato. São raros os escritores que conseguem sobreviver do seu ofício. A juventude lê muito pouco. Os pais leem menos ainda. Essas estatísticas não me convencem. O que é necessário é investir na educação, investir na base, na formação de leitores no ensino fundamental, investir na formação dos professores, oferecendo possibilidades reais de realizar um trabalho de qualidade que surta efeito, ao menos em médio prazo.
fonte:  gicult.com.br

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