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Rede de túneis que possibilitou fuga de Kadafi é descoberta por rebeldes


Último Segundo
Muitos líbios acreditam que os túneis se conectam com toda a capital, Trípoli, tendo sido usados para a fuga de líder líbio.
Soldados rebeldes fazem buscas em recém-descoberta rede de túneis sob Trípoli
Sob o pátio gramado do complexo privado de Muamar Kadafi, longos túneis se conectam com bunkers, centros de comando e escadas em espiral que levam à residência luxuosa repleta de fotos da família do líder líbio. As luzes elétricas não funcionam e os telefones não dão sinal. Quando os rebeldes assumiram o controle do complexo na terça-feira, descobriram o que há muito tempo era um rumor: uma elaborada rede secreta subterrânea.
De acordo com a rede de TV CNN, até agora os rebeldes limparam cerca de 700 metros da passagens no subsolo. Pessoas de fora nunca viram os túneis sob o complexo de Bab al-Aziziya. Muitos líbios inferem que as passagens subterrâneas se conectam com toda a capital, Trípoli – o que, dizem, explicaria a habilidade de Kadafi de aparecer para discursos em lugares aonde ninguém o viu chegar. Acredita-se que a rede se estenda até o aeroporto internacional e o hotel Rixos, onde 33 jornalistas e dois civis ficaram retidos por forças de Kadafi por cinco dias.
Alguns supõem que ele fugiu da cidade através de um dos túneis enquanto os rebeldes chegavam à capital no fim de semana. No entanto, por causa dos danos deixados pelos bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), não é possível determinar se os túneis realmente se estendem para além de Bab al-Aziziya.
Depois de tomar o controle do complexo, por muito tempo visto como centro simbólico do regime Kadafi, os rebeldes incendiaram sua residência, pegaram grande número de armas e transformaram o complexo em um campo de preparação para combates em outros locais da capital. Também descobriram a rede subterrânea, uma rede de túneis cujo alcance não é claro.
“Há uma Trípoli sobre a terra, e outra Trípoli sob ela”, disse o rebelde Ismail Dola, de 26 anos, explorando os túneis com amigos. Mas poucos se surpreenderam que Kadafi, que governou o país por mais de 40 anos e sobreviveu a inúmeras tentativas de assassinato, tivesse um mundo secreto pelo qual pudesse escapar.
O complexo de Bab al-Aziziya sempre foi um mistério para muitos líbios. Apesar de ser um dos maiores marcos da cidade, nenhuma placa de rua indica onde fica. Poucos entraram nele, e muitos residentes disseram que nunca andavam perto do local, temendo que guardas de segurança tivessem suspeitas e os prendessem ou disparassem.
Os túneis se tornaram uma atração para rebeldes curiosos. Eles são suficientemente altos para que um homem de grande estatura fique de pé e suficientemente largos para que duas pessoas caminhem confortavelmente lado a lado. Suas paredes são feitas de concreto, com pesadas portas de metal que dividem os túneis em seções. Máscaras de gás em recipientes plásticos estão distribuídas ao longo do complexo, juntamente com água, refrigerante, biscoitos e atum. Geladeiras vazias são vistas em alguns cantos.
Os túneis levam para vários cômodos. Alguns são simples dormitórios com beliches, frigobars e armários, talvez para uso dos guardas. Outros parecem ser bunkers antiexplosão, com paredes mais grossas. Em alguns lugares, os túneis se abrem para vários cômodos. Um fica sob a antiga residência de Kadafi, que os EUA bombardearam em 1986. Outro túnel leva à casa da família de Kadafi.
“Você sabe qual animal vive embaixo da terra?”, indagou o rebelde Dola. “O rato”, disse, usando um insulto comum contra Kadafi, que frequentemente também chamou os opositores dessa maneira. “Ele está no subterrâneo em algum lugar”, disse. “Mais do que isso, só Deus sabe.”

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