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‘Ele fez tudo que um cidadão honrado tem de fazer’, diz Eike Batista, sobre o filho que matou ciclista no Rio

O Dia
Thor Batista, filho do empresário, se envolveu em acidente que atropelou e matou ciclista no sábado à noite na BR-040. Bilionário negou no Twitter que o veículo havia sido removido do local do acidente, antes da perícia.
O empresário Eike Batista voltou a defender o filho, Thor, no Twitter, na manhã desta segunda-feira, ao responder perguntas de internautas. “Ele é assim! Fez tudo que um cidadão honrado tem obrigação de fazer! Prestou socorro, depôs, assinou e fez o bafômetro”, escreveu, ao ser elogiado por um internauta.
Thor Batista se envolveu em um acidente no sábado à noite, por volta das 19h20, no km 101 da BR-040, que liga o Rio de Janeiro a Juiz de Fora (MG), nas proximidades do distrito de Xerém, Duque de Caxias, Baixada. O ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30, que cruzava a pista, foi atingido pelo veículo guiado pro Thor e morreu na hora.
“A imprudência do ciclista podia ter causado três mortes”, relatou Eike, em outra mensagem no Twitter. O bilionário ainda rebateu a acusação de uma internauta que afirmou que o veículo havia sido retirado do local do acidente antes da perícia. “Não é verdade, a perícia já foi feita! Só por isso que o carro foi liberado e está à disposicao da Justica”.
Eike Batista já havia usado a rede social para defender o filho nesta domingo à noite. “Infelizmente aconteceu um acidente fatal. Porem a imprudencia nao foi do Thor”, afirmou o empresário através de sua página no microblog. “Minha solidariedade a familia e meu compromisso de que toda a assistência necessaria sera prestada”, escreveu.
Carros de luxo e 40 pontos na carteira
Primogênito de Eike Batista, sétimo homem mais rico do mundo, Thor Batista coleciona carros de luxo e 40 pontos na carteira, após ser multado nove vezes, segundo o site do Detran. Ele ainda responde por duas infrações, que podem lhe render ainda mais 11 pontos, caso perca o recurso. Uma da multas foi aplicada quando ele dirigia um carro do pai.
Herdeiro de R$ 54 bilhões, ele tem também na garagem um Aston Martin DBS, comprado por R$ 1,3 milhão. Horas antes do acidente, Thor e mais 14 amigos estiveram no restaurante Clube do Filé, em Itaipava. De acordo com um funcionário, Thor chegou por volta das 17h e saiu às 18h30, acompanhado de um amigo. Enquanto esteve no bar, ele só bebeu suco de laranja e chá gelado. Foi Thor quem pagou a conta de aproximadamente R$ 700 para todos.
Em nota, a EBX, empresa de Eike Batista, informou que Thor lamenta profundamente o ocorrido e prestará toda a assistência à família. A nota esclarece ainda que Thor estava na velocidade permitida.
O acidente
O filho mais velho do empresário Eike Batista com a ex-modelo Luma de Oliveira, Thor de Oliveira Fuhrken Batista, 20 anos, terá de prestar depoimento quinta-feira, às 15h, na 61ª DP (Xerém). O jovem vai responder por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) pelo atropelamento do ajudante de caminhão Wanderson Pereira dos Santos, 30.
Thor dirigia um Mercedes Benz McLaren prata, placa EIK-0063, registrada em nome do pai. Segundo relatou à Polícia Rodoviária Federal, a vítima cruzou a pista no momento em que passava. Wanderson morreu na hora.
Na versão de moradores do local que dizem ter testemunhado a tragédia, Thor teria tentado cortar um ônibus quando perdeu o controle do veículo e atingiu Wanderson, que trafegava de bicicleta pelo acostamento. Uma unidade médica da Concer, companhia que administra a via, foi chamada por Thor.
Thor teria passado mal e largado o carro ao ver o rosto de Wanderson desfigurado. O filho de Eike seguiu de carona com seguranças, que faziam sua escolta, até o posto mais próximo da PRF, a cerca de três quilômetros do local. Lá, fez relato por escrito do acidente. Ele e o amigo passaram por teste de bafômetro, que constatou que os jovens não estavam alcoolizados.
Entre os parentes da vítima, o clima era de consternação. Uma tia que era a mãe de criação dele, Maria Vicentina Pereira, 48, afirmou que aquele era o caminho que o rapaz fazia diariamente para casa. “Ele fazia esse caminho desde criança e sempre andava pelo acostamento. Não acredito que tenha cruzado a pista ali. O local é perigoso”. Para ela, pelo estado do corpo, existe a possibilidade de que Thor estivesse dirigindo em alta velocidade.
Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli examinaram o local. O McLaren de Thor chegou a ser recolhido para um pátio da PRF, mas foi levado pelo advogado do jovem, Flávio Godinho, sob condição de deixar o veículo sem modificações e à disposição da polícia.
Advogado da família da vítima, Cleber Carvalho contestou o fato de Thor não ter sido levado para a delegacia. “Nunca vi o Estado funcionar tão bem. Em menos de duas horas, a perícia foi feita, e o corpo recolhido e liberado. Mas o Registro de Ocorrência (RO) está incompleto”, criticou Carvalho.
Vítima teve vida dramática, relata mãe de criação
O enterro de Wanderson Pereira foi realizado na tarde de ontem, no Cemitério de Xerém. Cerca de 80 pessoas prestaram a última homenagem ao ajudante de caminhão. Um tio, de 70 anos, que tem problemas mentais e recebia cuidados de Bê, como a vítima era carinhosamente chamada pela família, passou mal e foi medicado.
O funeral custou R$ 8 mil, pago pela empresa EBX, de Eike Batista. Porém, segundo familiares da vítima, o valor teria sido contestado por representante do empresário no IML. “Escolhi uma urna de R$ 7 mil, e ele disse que era cara. Então, decidimos pagar nós mesmos, e ele mudou de ideia”, revelou Maria Vicentina Pereira, 48, tia de Wanderson, que foi quem o criou.
Segundo ela, o valor restante (R$ 1 mil), foi para a reconstrução da face. Maria afirmou que o sobrinho era uma pessoa trabalhadora, alegre e que passou pro muitas dificuldades. “A mãe e o pai eram alcoólatras. Ela o abandonou com oito anos, e ele o batia com frequência. Eu que cuidava dele. Parte de mim morreu com ele”.
Tia do ajudante de caminhão, Célia Pereira foi a última da família a encontrar com ele. “Na manhã de sábado, ele foi na minha casa, falou do trabalho e comemorou que ia na loteria pagar umas continhas. Depois falou: ‘Vou embora’. E realmente foi”, lembra. Ela garante que uma possível indenização paga pelo bilionário não a interessa: “Queria ele vivo, só isso”. Em nota, a empresa EBX, de Eike, nega polêmica na hora de arcar com custo do enterro.

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