Mapeamento do “Google Street View” foi parcial em Salvador
Correio
Apesar da pretensão, o Google não entrou em vários locais da periferia de Salvador. Por serem inseguros, ou de difícil acesso, muitas ruas e becos de Salvador ficaram de fora do mapeamento.O dito popular contemporâneo prega ‘se algo não está no Google, então não existe’. Pois desde ontem, Salvador já existe para o resto do mundo, uma vez que passou a fazer parte do grupo de cidades disponíveis através do Street View, do Google Maps.
Pelo serviço, é possível percorrer a capital baiana de cabo a rabo, sem pegar o engarrafamento do Iguatemi, nem sofrer um atentado na Estrada do Cia. Mas se você não sabe o que é o Street View, não precisa se sentir um E.T tecnológico. Ao pé da letra, o termo significa “vista/visão da rua”, e nada mais é do que isso. Pelo sisteminha, você consegue ver tudo o que veria se estivesse a pé em determinada rua. Incluindo o céu, os prédios, carros passando e pedestres. As vistas são panorâmicas, em 360° na horizontal.
“O carro do Google vai percorrendo as ruas com uma câmera, que na verdade são várias, fotografando todo o caminho de vários ângulos diferentes. Não é necessário ninguém disparar o botão, ela faz isso sozinha. Depois, um programa especial monta todas as imagens como se fosse uma só”, explica o professor da Ufba Genaro Costa, doutor em Computação de Alto Desempenho.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Google acrescenta que “o último passo é juntar as informações de geolocalização com os panoramas, e colocar as informações no Google Maps, disponibilizando-as para os usuários” e acrescenta que, “todos os rostos e placas de veículos são borrados para impedir a identificação das pessoas”.
Nada escapa
E, detalhe, o carro do Google é implacável! Essas imagens pitorescas que você vê nesta página, com cenas cotidianas de nossa capital, foram os flagras que ele fez nos últimos meses. A inclusão de Salvador e de mais 76 cidades brasileiras faz parte do plano da empresa de mapear toda a malha viária brasileira. Em 2010, o Brasil se tornou o primeiro país da América do Sul a fazer parte do Google Street View.
Agora que você já sabe o que é, tem duas escolhas: correr para o computador para tentar achar sua casa no Google (neste caso, é bom avisar que o serviço não entra em condomínios) ou encarar essa página de jornal desconfiado, sem entender que utilidade uma ferramenta dessa teria na sua vida. É útil, acredite!
Quem nunca se bateu pelas ruas tentando encontrar um consultório médico? Com o Street View, você economiza esses preciosos minutos (quiçá, horas), bastando digitar o endereço no Google Maps, depois arrastar o bonequinho para o ponto aonde deseja ir. Aí você vai ver que o Centro Médico Empresarial, por exemplo, é um prédio grande, com um estacionamento embaixo, ao lado de um outro edifício, branco e bem alto, e que ele fica numa rua marginal à Garibaldi, por exemplo. Deu para entender?
Se você ainda tem dúvidas sobre a utilidade do Street View, o próprio Google cita algumas: conhecer a vizinhança do lugar para onde pretende se mudar, pesquisar novos caminhos, ou então simplesmente viajar pelo mundo sem sair de casa.
Turismo
O serviço também tem efeitos diretos no turismo no estado, já que além de Salvador, até o final desta semana estarão disponíveis também as imagens de Vitória da Conquista, Feira de Santana, Ipirá, Itabuna e Ihéus. Assim, um turista que esteja pensando em visitar essas cidades terá ao alcance de um simlpes clique do mouse uma poderosa ferramenta para conhecer melhor os pontos turísticos que pretende visitar, acessos, localização exata de hotel, e até confirmar se o endereço realmente fica a 100 metros da praia.
Para o secretário do Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, a inclusão de cidades baianas no serviço do Google é muito importante, já que a internet é referência para uma boa fatia dos turistas que visitam a Bahia: “A última pesquisa feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), realizada em 2011, aponta que dos cerca de 5,3 milhões de visitantes de outros estados que visitam a Bahia, 10% têm como fator de decisão de viagem a web. Entre os estrangeiros, o percentual é ainda maior e corresponde a 26% dos 558 mil turistas internacionais que vêm ao estado”, diz Leonelli, de olho na Copa de 2014.
Quase todas as cidades-sedes já estão incluídas no Street View do Google: Brasília, Salvador, Recife, Natal e Fortaleza, além de Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, que já estavam disponíveis no site desde 2010. Agora ficam faltando apenas Manaus e Cuiabá. As outras capitais que entraram ontem no Street View são Aracaju, João Pessoa, Teresina, Maceió, Goiânia e São Luís.
Fatos curiosos
* Processo
O Google está sendo processado por um francês, que foi flagrado urinando. O problema é que ele estava dentro de casa, mesmo assim, a câmera pegou.
* Inusitados
Um homem já foi flagrado andando de cuecas em SP e outro de pijama em pleno Centro da cidade. Confira esse e outros cinquenta flagrantes. Veja: bit.ly/H16sNU
* Minas Gerais
Uma mulher se distrai caminhando, tropeça e leva um baita tombo em Belo Horizonte. O pequeno acidente foi documentado pelas câmeras do Google e virou hit na internet. Veja: bit.ly/KF8jtS
* Estranhos
Confira uma galeria com os nomes de ruas mais estranhos documentados pelo Google Street View. Veja: bit.ly/MYtwTN
Opinião: O que é que o Google quer?
Gustavo Acioli*
Os projetos e iniciativas do Google beiram sempre a megalomania e a loucura. A empresa nasceu com o propósito de fazer o download de toda a internet livre mundial para, assim, ter buscas mais rápidas e precisas, pois somente dessa forma a indexação das informações e dados poderia ser tão eficiente como vemos hoje. Conseguiram, mesmo com o desafio de terem de construir verdadeiros edifícios de computadores para armazenar os incalculáveis dados.
O Google não fornece muitas informações sobre o tamanho de seus datacenters, mas especialistas calculam que sejam mais de 2 milhões de computadores conectados e trabalhando mutuamente. Nada se compara a isso no mundo. Depois de fazer o download da internet mundial (esse sistema é contínuo), eles resolveram mapear todo o planeta Terra. Também conseguiram, graças às milhares de imagens fotografadas pelos satélites da Nasa.
Agora, a meta é, mais uma vez, ousada. Um dos principais projetos do Google é mapear por meio de fotografias em 360° todas as ruas e avenidas do mundo. A ideia foi posta em prática em 2007 e já está presente em mais 45 países e segue avançando. A tarefa não termina com o mapeamentos, ela começa aí.
Outra meta do Google é enriquecer essas experiências com informações, como fotos de internautas, fichas técnicas, dados para contato e até mesmo visitas virtuais em espaços públicos e privados. Isso já existe com o Google Art Project que busca catalogar os acervos dos principais museus do mundo. Em alguns, você faz passeios virtuais como no Louvre (Paris) e MOMA (Nova York) e tantos outros. Atualmente, o Art Project tem em seu acervo obras dos sete mil mais importantes artistas da história.
Os projetos Google não param por aí. Existem dezenas deles, como o Google Books, que pretende digitalizar todos os livros já escritos no mundo. O Google Academy planeja o mesmo para mongrafias, artigos científicos, dissertações de mestrados e teses de doutorado. Enfim.
Se o Google quer dominar o mundo, eu não tenho como saber, mas ele já deixou bem claro que planeja ser o guardião de toda a informação do planeta. E é quem está mais perto de conseguir isso.
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