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Destaque no julgamento do mensalão pode se refletir nas campanhas


Correio
A visibilidade dada ao julgamento do mensalão vai provocar, por si mesma, desgastes aos prefeituráveis do PT na corrida eleitoral.
Julgamento do mensalão tende a se refletir nas campanhas
Com os holofotes ligados sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de amanhã, a visibilidade dada ao julgamento do mensalão vai provocar, por si mesma, desgastes aos prefeituráveis do PT na corrida eleitoral. Essa é a principal avaliação feita por candidatos a prefeito em Salvador e especialistas ouvidos pelo CORREIO. Contudo, o consenso é de que o tema deve ficar fora da propaganda eleitoral na capital, devido à cobertura que a imprensa dará ao caso.
Enquanto o caso estiver fora da campanha no rádio e na TV, o escândalo terá, ironicamente, a mesma função da bomba atômica durante a Guerra Fria: servir como elemento de paz entre os candidatos a prefeito de Salvador. Mas, uma paz entrincheirada, na qual um tiro pode dar início a disputas éticas entre os prefeituráveis. Isso porque, assim como ocorre em todas as campanhas pelo país, na corrida armamentista eleitoral soteropolitana tanto os petistas, e seus aliados, quanto os oposicionistas têm munição estocada para os disparos dos rivais.
O candidato do DEM, ACM Neto, deixa claro que tem pretensão de levar o debate para o campo das propostas, sem usar o espaço para explorar o julgamento do mensalão em sua campanha. No entanto, não esconde que o escândalo tem potencial de arma nas eleições, que pode ou não ser disparada. Para o democrata, o uso ou descarte vai depender do comportamento adotado na campanha pelo adversário.
Opinião semelhante tem o peemedebista Mário Kertész. Ele descarta que o mensalão terá destaque em seu eixo de campanha, mas também admite guardá-lo como trunfo. “Não é ponto que eu deva usar como alvo, mas é claro que, diante de uma provocação os debates, ele pode surgir”, sinaliza.
Mesmo sem falar diretamente sobre os respingos do caso nas eleições, cardeais petistas agem com cautela em relação à probabilidade de prejuízo nas urnas. O corpo jurídico da direção nacional do PT chegou a pedir formalmente o adiamento da discussão para depois da eleição. A legenda justificava ser “inoportuno” realizar o julgamento em meio à disputa por votos, mas não obteve êxito e terá de encarar a exposição diária da imprensa. É exatamente nela que os adversários apostam para não protagonizar ataques diretos.
Antídotos
Isso porque, do lado petista, também não falta munição. Contra a candidatura de ACM Neto, o comando político de Nelson Pelegrino (PT) tem à mão dois escândalos políticos protagonizados por figurões do DEM: o mensalão comandado pelo então governador do Distrito Federal José Roberto Arruda e as denúncias que derrubaram o ex-senador Demóstenes Torres, cassado por suas ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Já Mário Kertész é do PMDB, partido que teve dois ministros (Wagner Rossi, da Agricultura, e Pedro Novais, do Turismo) afastados pela presidente Dilma Rousseff no ano passado por envolvimento em esquemas de corrupção. Kertész ainda tem um ex-membro de seu partido entre os réus do mensalão, o ex-deputado federal José Borba, que renunciou ao mandato para não perder os direitos políticos.
A reportagem tentou, durante toda a tarde e noite desta terça (1), contatar o candidato Nelson Pelegrino (PT) para ouvi-lo sobre o assunto. Segundo sua assessoria, ele estaria às 16h em uma caminhada na Mata Escura. Uma equipe foi até o local para entrevistá-lo, mas o petista não compareceu, ainda segundo assessores, porque estava em uma reunião com a equipe de campanha. Foram feitas diversas ligações para o celular de Pelegrino até o fechamento desta edição, mas o prefeiturável não retornou.
Na caminhada, sua candidata a vice, Olívia Santana (PCdoB), reclamou da recusa do STF em adiar o julgamento. “Não deveria ser esse o papel da Corte, favorecer um ou outro em um período eleitoral”. Ela salientou, porém, que não teme acumular prejuízos eleitorais por conta da repercussão do julgamento, já que Pelegrino não tem envolvimento com o caso. “Nossa campanha é tranquila, porque nós temos a trajetória de Nelson Pelegrino ilibada”, afirmou.

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